segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Sábado no Shopping

Felipe em seu apartamento, naquele 24 de Dezembro, ao ouvir na TV os sons que anunciavam a chegada do Natal, e do bom velhinho, foi tomado por uma onda forte de nostalgia.
Ele então caminhou pela sala em busca de algo que pudesse minorar aquelas sensações ruins. Ao passar pela janela da sala pôde ver, no varal, da área de seviço do apartamento vizinho, algumas peças de roupas íntimas da moradora.
Lembrando os bons momentos que vivera com uma amiga querida, ele tomou o telefone e discando aquele número, que jamais esqueceria, espereou que ela atendesse. Os segundos passavam rápidos e uma espécie de sufoco o deixava inquieto. Finalmente uma voz feminina atendeu.
- E aí Elza, há quanto tempo! Você sumiu, garota! Não a vi mais nem no shopping, nem nos teatros, nos cinemas e muito menos na praia. O que aconteceu? – iniciou Felipe sentando-se no sofá, colocando uma almofada sobre o colo.
Ele ouvia atentamente e, para estar mais a vontade, pôs os pés sobre uma cadeira que havia por ali.
- Me senti horrível depois que cortei e tingí os cabelos. Não ficaram do jeito que eu queria. Está uma droga. E o pior não é isso. O pior de tudo é que aquela química toda que usaram me causou um mal-estar terrível. Ai, que nervo! Sabe, me deu vontade... assim... de mandar todo mundo...sabe? – Elza estava irritadíssima.
- Ah, não se incomode. Você é linda com qualquer tipo de cabelo. E, na minha opinião, veja bem, sem desmerecer outra instrução que tenha recebido com relação ao modo de lidar com essa indisposição, eu considero que bastante ar puro, e sol ajudariam na recuperação das forças. – Felipe sentia-se encantado quando falava com aquela sua amiga. Nenhuma outra o deixaria apatetado daquele jeito.
- Olha, me sinto humilhada! Sabe quando lhe fazem pouco caso, desaforo mesmo? Que ódio!
- Calma Elza. Olha: passeios longos a pé podem também ajudar a reduzir esse mal humor. Sabe o que seria bastante saudável pra você atualmente? – Felipe se sentia realmente à vontade, ao conversar com aquela pessoa e ele expressava isso no tom de voz que usava.
- Não. – respondeu Elza como se perguntasse o que minimizaria parte do seu sofrimento.
- Um circo!
- Hã! Um circo? – ela estava surpresa e de certa forma ofendida.
- É sim! Nada melhor do que passear por perto, comprar os ingressos, entrar, assistir ao espetáculo, dar boas gargalhadas com o palhaço, comer pipoca, ver os malabares, o elefante, os trapezistas e o domador de leões. E depois de tudo isso aplaudir muito o trabalho daquele pessoal todo.
- Você está lou-co! – respondeu quase gritando Elza indignadíssima.
- Não estou não. Olha: o circo é uma das mais primitivas formas de entrenimento conhecidas pela humanidade. Desde os tempos imemorias o circo existe como atração para distrair e recrear as pessoas. E veja bem: há historiadores que garantem ser o teatro uma derivação do circo. Que o teatro seria uma espécie refinada de apresentação circense. Você me entende?
- Ai, não sei, não. – ela estava desapontada. – E depois tem outra: meu carro está uma porcaria. Precisa de revisão e a oficina está cobrando os olhos da cara. Parece que tudo de ruim aconteceu comigo durante esse período.
- Quanta choradeira! Olha, será que poderíamos nos encontrar neste final de semana? Estou com muita saudades de você. – o rapaz se expressava com um misto de esperança e receio.
- Ah, não sei. Quem sabe?
- Eu te espero sábado no shopping, está bem?
- Passo por lá à tarde.
- A gente se vê. Um beijo.
Talvez aquele encontro pudesse mesmo ser benéfico para ambos. Ao desligar o telefone Elza sentiu que parte da esperança lhe ressurgia.


Fernando Zocca.





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