sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Prefeitura pode ser responsabilizada pela morte de ambulante


A cantora Ivete Sangalo cancelou show em
Piracicaba
A Prefeitura Municipal de Piracicaba deve ser responsabilizada pela morte do vendedor ambulante Nilson Fabiano Rodrigues, 32, morador de Limeira, ocorrida no dia 18/02, sexta-feira, nas dependências do Engenho Central, quando foi atingido por um eucalipto de 30 metros de altura.

Nilson e outras pessoas jogavam truco e aguardavam o início do show da cantora Ivete Sangalo, que ocorreria às 20h, quando foram atingidos pela queda da árvore, derrubada por ventos fortes e a chuva.

A árvore, que também danificou dois automóveis, caiu sobre um telhado e a vítima ficou presa nos escombros. Além de Nilson outras duas pessoas sofreram ferimentos.

A cantora Ivete Sangalo cancelou o Show e aguarda os organizadores do evento marcarem nova data.

Depois desse lamentável incidente, que tirou a vida de um cidadão, a prefeitura municipal, através da Secretaria Municipal de Defesa do Meio Ambiente, (SEDEMA), determinou a vistoria das demais árvores existentes no local.

“Nenhuma das árvores que caíram na sexta-feira apresentava sinais de que estavam condenadas ou mesmo pensas, com a possibilidade clara de queda”, disse o funcionário da Sedema Carlos Cesar Ambrozano, o Téia. Ele informou que no sábado, 19, os trabalhos de mapeamento destas árvores exóticas foram iniciados, “assim que o Corpo de Bombeiros nos autorizou, já iniciamos este levantamento” disse ele.

Ambrozano ressaltou que a intenção da secretaria é cortar todas estas árvores exóticas, plantando outras 25 a cada uma que for derrubada até chegar a 750 novas, como forma de compensação ambiental.

Todas as providências não livrarão do luto os familiares e os dependentes da vítima.

O Chapéu


Os imigrantes italianos começaram a chegar ao Brasil a partir de 1870
Oscar Neyro aproveitando o momento em que não havia mais ninguém, além do proprietário, no bar do Bafão, naquela manhã de sábado, entrou detonando:

- Verme do inferno! Manda aquela pinga esperta e a cerveja mais bem gelada que você já viu.

Bafão que lavava alguns copos na pia, com a costa voltada para o balcão, virou-se sobre o ombro direito e olhando de baixo para cima, mirou a presença marcante do roliço Oscar Neyro, o mais novo morador da Vila Dependência.

Tirando do ombro esquerdo o guardanapo com o qual enxugou as mãos, o proprietário do boteco pôs sobre o balcão o copo específico de aguardente, enchendo-o com a tal filha-do-senhor-do-engenho.

No momento em que Oscar emborcava a caninha, Bafão servia-lhe a cerveja geladíssima. Foi nesse instante que adentrou ao recinto a mais bela e cobiçada morena de olhos verdes, das curvas perfeitas, e das coxas vistosíssimas do quarteirão. Era Aline, a solteira exuberante que inibia, de certa forma, a moçada do bairro, com aquele seu jeito extrovertido.

- Seu Bafão, eu quero um litro de leite, dois filões, e meio quilo de pó de café – disse a bela, com o dedo indicador da mão direita em riste, acima da cabeça. Ajeitando depois o short preto, semi-encoberto pela camiseta verde, e juntando os pezinhos, calçados com o legítimo All Star preto, ela esperou.

Oscar Neyro, boquiaberto, pousou seu olhar sobre a moça, mas antes que pudesse expressar qualquer juízo de valor foi interrompido pelo vozeirão do comerciante que passava, envoltos num saco plástico, sobre o tampo do balcão, os produtos pedidos pela consumidora.

- Marca isso tudo na minha conta. O senhor já sabe né? No fim do mês a gente acerta – concluiu a jovem saindo do boteco.

Ao voltar-se para a pia, onde continuaria lavando os copos, Bafão notou a entrada de outra moça também de short, chinelos, camiseta vermelha e preta sem mangas, e decote cavado.

- Meu Bafinho querido: embrulha um desodorante, um sabonete e aquela pasta dental esperta. Quero ainda dois filões e 160 gramas de mortadela. Faça-me esse favor, queridinho – pediu com gentileza a loura Débora, dona também dos mais vistosos olhos esverdeados da redondeza.

Oscar Neyro só olhava; ele mantinha o copo suspenso entre o tampo do balcão e os lábios.

Pedindo que Bafão anotasse a dívida num caderninho, a moça deixou o bar, balançando os quadris ostentosos.

Antes que Oscar dissesse qualquer palavra, fizesse algum comentário ou risse da situação, Bafão explanou:

- Nem pense bobagem. As duas são casadas. Você se lembra do Sylvester Stalonge? Pois é. Entrou numa fria lamentável. Engraçou-se com a mulher do Luis Hernandes e o casal teve de se separar. Do Luis você se lembra, não é? – indagou Bafão percebendo que Neyro já não prestava tanta atenção no assunto.

Diante da afirmativa do cliente, Bafão prosseguiu:

- O negro Luis Hernandes foi contratado pelo Sylvester Stalonge como desossador oficial do açougue que ele – o Stalonge – havia acabado de instalar. Depois de seis meses, mais ou menos, Hernandes começou a falhar no serviço. Vinha um dia, mas faltava outros três. Essa situação continuou até o momento em que Sylvester Stalonge, de surpresa, fez uma visita ao empregado. O dono do açougue foi recebido pela mulher do Hernandes, que informou estar o marido dominado pela bebida e sem condições de continuar no emprego. Bom, - pra encurtar a história -, papo vai, papo vem, o Stalonge “traçou” a mulher do Hernandes.

Ante a face de espanto demonstrada pelo já embriagado Oscar Neyro, Bafão prosseguiu:

- Olha, meu amigo, a confusão foi tanta, a quizumba tamanha que não principiaram uma revolta militar, um motim destruidor, ou terremoto, por pouco, muito pouco, pouco mesmo. Você não acredita, mas até há algum tempo, o Sylvester Stalonge sentia os efeitos da mancada que deu.

- Como assim? – inquiriu Oscar Neyro.

- Você sabe como é esse pessoal: eles misturam tudo. Confundindo Luis com luz, fizeram o pobre Stalonge ter problemas na Companhia Tupinambiquence de Força e Luz até o ano passado. O sujeito levou cada choque elétrico que deu medo. O fornecimento de energia das suas casas foi cortado várias vezes, durante anos seguidos. Seus aparelhos não duravam muito tempo; queimavam-se com facilidade. E olha que a “trairagem” aconteceu há mais de 30 anos.

- Impressionante – admirou-se Oscar.

- Você não acredita, mas fizeram circular um boato que os bisavôs do Sylvester, que imigraram da França em 1.870, não pagaram nem o “chapéu”, e que ele, o bisneto, deveria ser condenado por isso.

Bastante curioso, Oscar Neyro perguntou:

- Chapéu? Que história é essa?

- Você não sabe? Ora, “chapéu” era a gratificação que o armador, dono do navio, pagava ao capitão, quando este chegava a salvo no destino. O valor do prêmio era coletado entre os passageiros.

Enquanto Bafão voltava a lavar os copos e Neyro sorvia o último gole de cerveja, Debora entrou novamente no bar.

- Estou tão sozinha, neste sábado gostoso... Bafão, querido, meu xampu favorito você sabe qual é – lançou a moça revolvendo os cabelos que lhe encobriam a nuca.

Ao entregar a mercadoria para a freguesa, Bafão olhou para Oscar Neyro e murmurou:

- Vai nessa?



Texto revisado em 24/02/2011.

Atenção:

Qualquer semelhança de nomes, pessoas, ou situações terá sido mera coincidência.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O Balanço das Ondas

Esteve tudo muito bom, a alegria pairou no ar, o som romântico estava ótimo, mas durante a noite, quando imperava o silêncio e o vento trazia os odores do mar, eu senti que algo a mais poderia ser acrescentado.

Não me preocupei com o efeito da bebida, pois não havia ingerido tanto. Notei que os sapatos novos deram um aspecto bem diferente à silhueta dos pés e que agora, ali na cama, descalça, o conforto se impunha de forma completa.

O coração batia forte e ritmado. Não seriam algumas lembranças tristes que dominariam o restante da madrugada.

Notei que passou ao largo, e bem rápida, a frota das emoções negativas, que teimava com aqueles assédios maldosos e frustrados.

Voos livres rasantes de pessimismo, incompreensão e má vontade, foram percebidos a princípio, mas logo se diluíram sob o clarão do céu noturno.

Ao fundo, o ruído das máquinas impunha lampejos dos grandes bondes, que faziam trepidar o chão, no entorno dos trilhos, por onde passavam.

Faltou algo, não sei bem o que era. Talvez fossem melhores contatos, afagos, palavras simples de admiração, respeito ou louvação.

Ou seria o recrudescimento do atual, porém imperceptível balanço das ondas?

Vi a nau se aproximar de forma lenta, mas segura, do porto. O celular transmitia a certeza de que tudo estava bem, com o futuro que nos aguardava.

Foi ótimo o passeio. Gostei.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Perdoando os devedores


Insentatez é construir castelos com dinheiro alheio
Nunca antes na história deste blog percebeu-se tanto os desejos de verem-no deletado.

As pobres almas sofredoras, que assim se manifestam, sabem que existem no mundo bilhões e bilhões de blogs; entretanto, por evidenciarem o nosso, algumas culpas indisfarçáveis, preferem-no vê-lo desaparecido, como se isso, remisse também os muitos pecados cometidos.

Com a publicidade você proporciona ao mundo a sua versão da história, que muita vez, não é essa que pregam por aí, aos cochichos, às ocultas, na calada e nas trevas da noite.

O cinismo dos ímpios é tanto que chega a atribuir à vítima de uma apropriação indébita, o cometimento de crimes ou de ser ela portadora de afecções espirituais.

Esse defeito moral, produtor de comportamentos lesivos, pode ter sua origem na infância, quando ainda se definia os padrões da sexualidade.

Situações mal resolvidas, que geraram sentimentos e sensações sedimentadoras de opiniões equivocadas, conduziram sem dúvida, à formação de personalidade mórbida, doentia, capaz de danar com o patrimônio alheio.

Então, quando há, por exemplo, a prática de uma apropriação indébita, com a qual o réu objetiva pagar suas dívidas, ele certamente sabe que contrai outra maior ainda, e que a morte do espoliado, não o livrará das consequências funestas.

Uma atitude bem correta que se espera de quem ficou com o que não era seu é a de procurar o credor e firmar com ele um acordo, antes que os equívocos todos o mandem para a prisão, de onde não sairá até que pague o último centavo.



terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O Perna de Pau




Ênio, o filho do professor, criava baratas num baú



Quando Van de Oliveira Grogue era criança conheceu um professor muito esquisito. Ele tinha uma das pernas de pau, o rosto vermelho enorme, e seus óculos, sempre embaçados, eram feitos com lentes grossas.

O mestre olhava para os meninos, que se aglomeravam defronte a sua casa, como quem procurava algum traço de zombaria, que ele cria fazerem do seu defeito, aqueles demônios dos infernos periféricos.

Às vezes o professor, acompanhado da esposa, sentava-se defronte a sua morada, donde podia vigiar os próprios filhos, que se juntavam aos moleques vizinhos.

O taciturno e cabisbaixo professor era sempre visto, com aquele rosto afogueado, a caminhar pela calçada do quarteirão, claudicando e proferindo palavras, que muitos julgavam ser maldições.

O mestre tinha um filho chamado Ênio que nas trevas do porão da casa alugada, mantinha um baú, onde criava milhares de baratas.

Ênio era mestre nas intrigas e por não suportar ver o pai usando a perna de pau, sem poder fazer uma única e inócua troça, atribuiu ao menino Van Grogue, a ousadia de ter dito ser ele – o velhote – um pirata da perna de pau.

O velho professor percebeu que a sua cabeça, a cada dia que passava, depois daquele desaforo, se esquentava, se esquentava e se avermelhava cada vez mais.

Ora, o mestre antigo julgou que não melhoraria enquanto não vingasse a petulância, supostamente cometida por aquele pé descalço semianalfabeto, que não servia nem para serrar ou pregar tábuas na fábrica de botes.

Então o professorzinho e sua mulher balofa, idealizaram o plano de fazer cair sobre o cocuruto do suposto falador inconsequente, um pedaço de pau do mesmo tamanho e peso, que eles julgavam ter a perna direita postiça.

Iniciado o lero-lero, o tititi, a murmuração, notaram os dois seres vingativos que um dos irmãos do Van Grogue, suposto ofensor, estava esculpindo, num toco de pinho, uma espécie de taco de basebol.

Os dois iludidos mestres não cessaram as suas arengas da desforra, enquanto não souberam que o Van Grogue foi atingido por um golpe violento desferido pelo próprio irmão, diante da porta aberta do quarto, no início de uma noite de sexta-feira.

Os curativos, as bandagens, os seis pontos que Grogue levou, para unir as bordas do corte no couro cabeludo, foram por muito e muito tempo, motivadores da mais ampla e irrestrita satisfação do professor, sua mulher fofa e do Ênio, o criador de baratas.

 

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O Infernizador


A frustração dos impulsos sexuais pode transformar-se em ódio e ressentimento, que fará do inibido um perturbador impertinente.

A libido represada conduz o sujeito ao comportamento vingativo, odiento, que somente se satisfará ante o sofrimento do frustrador.

O malogrado compensará também sua angústia com a maledicência e muitas fantasias sobre aquele obstáculo “insensível” e “maligno”.

A busca da satisfação sexual com quem não a deseja e a rejeição dos carinhos, daquele que se mostra receptivo, formam em ambas as almas, uma poderosa força contrária negativa, cujos objetivos podem ser, inclusive o de transformação do gênero do decepcionante.

As insatisfações, tanto a sexual quanto a da paz, do equilíbrio do sujeito, são fatores evocados pela figura exponencial do triângulo.

As almas frustradas, sofridas, unem-se então na busca incessante da eliminação da fonte do desprazer.

Os conluios, conchavos, armadilhas e até violências físicas são os resultados das aproximações sexuais não desejadas.

Banhos de cachoeira, espelhos e papéis podem lembrar os dramas vividos pelos rancorosos, incapazes de substituir as más sensações, causadas pelas experiências negativas.

Quase ninguém condena os que afirmam ser mortal o ódio da “bicha” frustrada.

Patrocine este blog.



quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Vendendo a alma para o demônio

O cerco que os nazistas impuseram a Stalingrado, durante a II Guerra Mundial, foi determinante para o início da queda do III Reich.

Os nazistas, com um exército numeroso, bem treinado, coeso e armado, sitiaram os soviéticos por alguns anos.

A pertinácia de Adolf Hitler, no entanto, depois de conseguido o seu objetivo, não permitiu que suas tropas se rendessem, quando todos esfomeados, maltrapilhos e sem munição, viram-se sozinhos, nos escombros da cidade abandonada.

A loucura de Hitler, que não o deixava ver os fatos, equilibrado pelo bom senso, levou-o à morte, juntamente com a maioria dos que compunham o seu governo.

Entre 1933, ano em que subiu ao poder, até 1943, quando seus exércitos começaram a ser derrotados, o eleitor alemão deveria, para se ver livre das perseguições, juntar-se aos nazistas. Isso equivalia a vender a alma ao demônio.

Estudos psiquiátricos posteriores davam conta de que o Fuhrer sofria de impotência sexual e negava-se a tomar os remédios prescritos para a deficiência, advinda em decorrência da perda de um dos testículos, na I Guerra.

Hitler era teimoso, colérico. Ele agredia facilmente aos que se recusassem a obedecer aos seus comandos e não hesitava em mandar suprimir a vida daqueles com quem antipatizava.

Os judeus eram os alvos preferidos de Adolf Hitler e seus comandados. Durante a guerra, ele mandou matar milhões de pessoas em vários campos de concentração.

Antes de mandar seus prisioneiros para as câmaras de gás, Hitler os escravizava. Milhões de cidadãos, dentre eles poloneses, tiveram de construir estradas, pontes e realizar várias outras obras sob o domínio nazista.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Ardem barracões de escolas no Rio


Foto: Twitter/reprodução






Um incêndio de grandes proporções atinge barracões de escolas na Cidade do Samba, Rio de Janeiro.

Até o momento quatro barracões estão praticamente destruídos pelas chamas.

O fogo teve início por volta das 7h e se alastrou rapidamente por causa do material inflamável. O funcionário da escola Grande Rio, Simon Garcia de 26 anos, feriu-se e está internado no Hospital Souza Aguiar.

Apesar dos esforços dos Bombeiros do Quartel Central do Rio, os danos causados nas edificações das escolas atingidas, são irreversíveis.

Algumas paredes rachadas caíram e há ainda o risco de outras cederem.

No início do incêndio poucas pessoas estavam no local. Grande quantidade de material inflamável usado na confecção das fantasias e carros alegóricos foi consumida pelas chamas.

"O carnaval é festa, mas hoje o dia é de tristeza. Peço que as autoridades olhem para as escolas afetadas e nos ajudem a partir de agora. Vamos ver o que podemos fazer. Temos que nos unir em um grande mutirão e recomeçar do zero. É lamentável, não estou em condições de analisar nada neste momento, mas não vamos nunca perder a nossa alegria", disse o presidente da Escola de Samba União da Ilha Ney Filardes, numa entrevista ao telejornal Bom Dia Brasil.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Os Bailes de Carnaval

Jorge sentia-se estranho naquela cidade. Ele viera para uma festa de aniversário da prima Helen que o recebera muito bem na manhã do dia anterior.

O rapaz caminhava só pela calçada ruminando os bons momentos da festa que tivera muita gente, flash e animação.

Ele não dormira bem à noite por causa do excesso de bebida, mas, mesmo assim ao acordar, naquela manhã de terça-feira, resolveu andar pelo calçadão da orla. O sol aquecia bastante, despontado no céu límpido.

- Por que a Helen não fez a festa no final de semana? – perguntava Jorge num solilóquio discreto, enquanto observava, através das lentes dos seus óculos de sol, algumas pessoas que se divertiam nas ondas verdes.

O turista andava distraído e surpreendeu-se quando alguém ao se aproximar por trás disse:

- Ei Jorge, já cedo assim acordado? Não passou bem durante a madrugada? – Era o empresário Cristiano que também participara das comemorações do décimo nono aniversário da Helen. Ele vinha no mesmo sentido caminhando mais rápido.

- Ah, oi, como vai? – respondeu Jorge ao voltar-se – Eu bebi muito. A ressaca é enorme. Não passei bem o resto da noite, mas logo melhoro – concluiu.

- Achei esquisito a Helen desperdiçar o sábado e o domingo pra fazer a festa. Ela escolheu justamente a noite de segunda-feira. Não é estranho? – indagou Cristiano ajustando a velocidade dos seus passos a dos de Jorge.

- É, gente rica tem suas manias - explicou o turista. – E depois, levantando a pala do boné vermelho: - Mas como tem gente bonita nesta praia hein? Veja como as mulheres caminham harmoniosamente. Parece que desfilam naquelas passarelas.

- Sim, tem muita gente sarada e bela por aqui – resumiu Cristiano percebendo o suor que lhe empapava a camiseta - Vamos caminhar mais rápido?

Os dois homens seguiram céleres pelo calçadão quando avistaram um gorducho que, de short amarelo, camiseta preta, boné verde e chinelos brancos, arrastava uma mala preta enorme ao atravessar a avenida em direção à praia.

- Veja só aquela figura! – assustou-se Cristiano chamando a atenção do companheiro – não é o Leonel?

- Não conheço nenhum Leonel – respondeu Jorge desviando-se de um esqueitista, que saíra sem querer, da ciclovia.

- Você não imagina o que esse cara aprontou num baile de carnaval no ano passado. Meu amigo, que vergonha! Que vexame – enfatizou Cristiano.

- Nossa! Foi tão grave assim? – quis saber o amigo.

- O sujeito chegou cedo ao salão, bebeu todas e mais algumas, depois no meio daquele povo todo, começou a passar a mão na busanfa da mulherada.

- E ai? Deram-lhe um cacete? – indagou Jorge.

- Botaram o cara pra fora do baile. Ficou deitado na calçada de tão bêbado que estava. Mas pode uma coisa dessas?

- Pô, mano, que papelão! – concordou o turista.

- E, olha, não foi aquela a primeira e a única vez, não. Houve outra, no mesmo esquema. No baile dos periquitos, ele mandou ver a mão boba nas coxas do mulherio. Parece que o sujeito não pode beber.

- O pessoal instiga e ele entra de gaiato. Na verdade é um panaca, um palhaço – arriscou Jorge com a sua análise.

O calor aumentava por volta das onze horas. Eles haviam chegado defronte ao prédio da Helen.

- Quando você volta pra casa? – indagou Cristiano.

- Talvez amanhã à noite – respondeu Jorge num tom de despedida.

- Tem ainda muitas compras pra fazer? – brincou Cristiano afastando-se.

- É, meu amigo, a vida tem dessas dificuldades também – concluiu Jorge com ironia, entrando no edifício.

02/02/11

Patrocine este blog.