sábado, 31 de julho de 2010

Pintando Automóveis

Você já imaginou residir numa casa há algum tempo e perceber que começou a funcionar, bem ao lado, um empreendimento bastante nocivo à saúde?

Muito indignado você procura os responsáveis pelos tormentos e sabe o que eles lhe dizem? “Os incomodados que se retirem!”

Então, pacientemente você procura um vereador e lhe explica o problema: “Olha, seu doutor, os caras pra fazer o que vêm fazendo, precisam utilizar equipamentos especiais do tipo estufa, a fim de que os resíduos tóxicos não vazem, fazendo mal aos vizinhos”.

O nobilíssimo edil ao responder-lhe, via e-mail, afirma, entretanto que aquelas pessoas estão trabalhando e que não pode impedir ninguém de ganhar dinheiro.

E aí como é que fica?

O fato de serem os tais empreendedores pessoas pobres, ou mesmo muito deficientes, não os impediria de seguir as determinações das leis, das normas técnicas e do bom senso.

Ou seja, as misérias materiais e espirituais que compõem o ser dessas pessoas, não podem justificar as ações incivilizadas.

Trocando em miúdos: a incapacidade financeira impeditiva da aquisição dos equipamentos necessários, para o desempenho de uma determinada atividade, não pode ser motivo justo que permita à tal ocupação, prejudicar a terceiros.

Os camaradas poderão ganhar o dinheiro, não resta a menor dúvida, mas desde que não violem o direito alheio.

As pessoas têm direitos assegurados à saúde, ao bem estar, a viver em paz. Quando uma atividade econômica invade esses direitos ela deve ser limitada.

“O meu direito termina onde começa o do outro”. Não posso impedir ninguém de respirar. Mesmo que eu precise ganhar dinheiro pintando automóveis.

É nessas horas que o cidadão eleitor conhece a eficiência duma administração municipal.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Câncer de pulmão ataca mulheres tabagistas

O cigarro é considerado, há muito tempo, o responsável por mais de 30% de todos os cânceres no corpo e 90% pela doença nos pulmões.

O tabaco é um dos inimigos mais ferozes da saúde tanto dos homens como das mulheres. Pesquisas feitas em mais de 40 hospitais da Inglaterra envolvendo 1500 pessoas revelam que as mulheres estão mais sujeitas ao câncer provocado pelo fumo do que os homens.

Não se tem certeza do porque as mulheres são as mais suscetíveis de adoecerem por causa do cigarro.

Mas, as combinações entre fumo, pílula anticoncepcional e vida sedentária são os fatores que influem e pesam mais na balança.

Especialistas também atribuem os malefícios da doença às fórmulas dos cigarros e as formas como as mulheres aspiram a fumaça. Sabe-se que elas dão tragadas mais curtas e intensas do que os homens.

O medo diante da perspectiva de contração dos cânceres não é fator inibidor do hábito de fumar. A advertência impressa nos maços não consegue impressionar as fumantes.

As mulheres tabagistas dizem que o prazer causado pelo fumo é maior do que o temor de uma doença. E por isso não se importam com a possibilidade de adoecimento.

Marina Célia Caetano, 40 fumante há 20 anos, teria deixado o vício há muito tempo se sentisse medo de adoecer. Ela e a irmã Ivone, 18 dizem que o pai falecido fumou até o dia em que morreu.

A mãe das moças, Ângela R. Caetano, 60, retirou um tumor do seio em 98, passou pela radioterapia e seguiu fumando tranqüilamente sem piores consequências.

No Brasil de hoje o câncer de pulmão é o mais fatal, tanto para o sexo masculino, como para o feminino.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

A Cobrança

No futebol, a invasão da área pelo adversário significa perigo de gol. Mas se o atacante for contido com ações faltosas, a infração chama-se pênalti.

A cobrança dessa penalidade, imposta pelas regras do jogo, pode ser feita de trivela, cavadinha, com o pé direito, com o pé esquerdo, e até de bico, mas o time credor não pode abrir mão da execução.

Até ai, tudo bem, sem novidade nenhuma. O importante, para o cobrador dos pênaltis, é a obtenção do gol. E para que isso aconteça ele precisa agir de tal jeito, que o goleiro não tenha acesso à bola.

Deve-se recordar que esse momento, no futebol, é um dos mais tensos que podem viver dois atletas. A torcida, às vezes formada por uma centena de milhares de pessoas, tornaria o ato bastante complicado, tanto para o atacante quanto para o goleiro.

Entretanto, é possível que esses instantes favoreçam o surgimento das inovações. Assim da mesma forma que apareceram a “folha seca”, a “bicicleta” e as “pedaladas”, outra maneira de cobrança da penalidade pode surgir.

Pois foi o que aconteceu com o atacante Ezequiel Calvente (16) da Espanha, durante um jogo do campeonato amador europeu contra a Itália. Nessa partida, vencida pelos espanhóis por 3 a 0, o cobrador dá a ideia de que faria uma coisa, quando fez outra completamente diversa, deslocando, dessa forma o goleiro.

Veja o vídeo.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Analfabetos e bêbados

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Um dos significados da palavra louco é extravagante, que está fora do contexto em que vive. Nesse sentido Jesus Cristo seria um deles.

Não é preciso explicar que Jesus era Judeu, e que o judaísmo, daquele tempo, além de remir os pecados dos seus adeptos, com o sacrifício de quem não tinha nada a ver com os nós, favorecia a política dos dominadores vindos de fora.

Jesus, seguindo os preceitos há muito tempo escritos, nos livros do velho testamento, mudou tudo isso, mostrando que seria ele quem carregaria todos os pecados do mundo, sendo dessa forma ressuscitado por Deus.

Num bairro onde há o predomínio de bêbados e analfabetos, o sujeito que tem um pouco de leitura seria o extravagante; o que destoa.

Então da mesma forma, esse pobre leitor de jornais pode ser perseguido, difamado, ter a água do seu reservatório envenenada e seu carro sofrer sabotagens que o levariam à ruína.

Tudo se complicaria para o extravagante se as “autoridades religiosas” que dariam suporte ao poder político na cidade, dirigissem o seu apoio, não ao perseguido, mas aos perseguidores.

E perceba que isso não é raro. Aliás, é mais comum do que pode imaginar a nossa mísera filosofia provinciana.

Uma das formas de realçar o tal poder político usuário da força, dominador, perseguidor e crucificador, seria impedir a exposição, nos prédios públicos da cidade, do símbolo evocador do amor demonstrado por Jesus Cristo.

Outra artimanha muito comum, nesse grande prêmio da vida, é tentar usar os ensinamentos de Jesus – os sentimentos cristãos – como inspiradores dos comportamentos conducentes às derrotas.

domingo, 25 de julho de 2010

Na mesa do botequim

O tempo passa muito rápido e a gente nem se apercebe; quando nos damos conta, pimba, já era. Então vemos a molecada chegando pra fazer, o que mais ou menos, sempre fizemos.

Depois de alguns dias enclausurado sempre é bom caminhar um pouco, pra estender os músculos. E quando a gente movimenta o corpo os pensamentos fluem mais fáceis pela mente; assim é possível lembrar-se das coisas há muito esquecidas.

Então, de repente, uma saudade imensa dos momentos bons, que talvez não voltem mais, impõe-se à nossa consciência: onde estariam aquelas turmas todas que, nas horas festivas, irradiava alegria, sem demonstrar qualquer temor pelo futuro?

Copos e garrafas ajuntados nas mesas dos botecos marcantes, daqueles gloriosos anos dourados, testemunhavam o consumo que alegrava as horas das noites inesquecíveis.

Nas mesas de sinuca, quando se deixava o tempo escorrer entre os dedos, lançava-se muita vez, a esperança dos ganhos, que pagariam as despesas da noite.

Sabemos que viemos da mãe terra e é pra ela que voltaremos. Entre esses dois momentos – a chegada e a partida - seria bom que agíssemos de tal forma que, depois que estivéssemos em “outros planos”, alguém sempre se lembrasse, com muito carinho, da nossa passagem.

Portanto é bom livrar-se do mau humor, da inveja, do ódio e da maledicência. Enquanto praguejamos, o tempo passa e a gente nem percebe que também já passamos.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Erro Judiciário

É preciso muito cuidado com esses julgamentos antecipados, sem provas ou nada mais que possa servir de base para condenações.

No caso do goleiro Bruno e outros envolvidos com o suposta morte de Elisa Samúdio, é bom tornar a relembrar que todos são inocentes até prova em contrário. É um princípio do direito penal e quando violado, as injustiças são tremendas e praticamente irreparáveis.

Na década dos anos 1930 em Minas Gerais, dois irmãos foram condenados pela suposta morte de um amigo. Um dos acusados morreu na prisão e o outro só foi libertado depois que o suposto morto apareceu. Passou 16 anos na cadeia.

A mãe dos acusados não acreditava no que a polícia autoritária da época afirmava. Na verdade vivia-se numa ditadura militar. Getúlio estava no poder e não havia muito tempo para conversas. O autoritarismo tem essa característica.

A polícia arrancou na “marra” uma confissão inverídica. Para os homens da lei daquele tempo os dois irmãos mataram a vítima que havia acabado de ganhar muito dinheiro com a venda de uma grande quantidade de arroz.

Enquanto os dois condenados sofriam na cadeia, o suposto morto vivia no Estado do Mato Grosso para onde viajara de avião.

Se não me engano até os dias atuais, a família dos injustiçados pleiteia, nos tribunais brasileiros, uma reparação para esse caso, que ficou conhecido como o caso dos irmãos Naves.

Direto, na lata!

Alguém já parou para tentar explicar porque ocorrem antipatias e violências assim, gratuitas, entre as pessoas?

É claro que os livros de psiquiatria, psicologia e psicanálise estão cheios de explicação; destacamos a que atribui ao analfabetismo uma importante causa das desavenças.

Segundo alguns teóricos, o analfabeto por ter o vocabulário limitado, desenvolve síndromes paranóicas.

A compreensão do iletrado não ocorre da mesma forma que a do alfabetizado. O primitivo pensa com símbolos, imagens e cores. Não há a lógica, prevalece a intuição, a emotividade. Daí podem surgir a antipatia e a violência.

Dessa forma se numa casa, por um motivo ou outro, há a ausência da pia do banheiro, pode esse fato significar, para o rixoso iletrado, que seu proprietário precisa de terapia.

É sério!

Com as afecções mentais gravíssimas surgem a perseveração, as estereotipias e a agitação psicomotora, que promovem o consequente desassossego da família, dos amigos e dos vizinhos.

Esse tipo de doente mental pode se utilizar de várias formas para desestabilizar a vida alheia, como o incessante latir dos cães, provocar fumaça nos horários das refeições, ou mesmo encher a casa contígua, diuturnamente, com a tinta spray, daquelas que se usam pra pintar automóveis.

Respondendo ao velho preceito “os incomodados que se retirem” dizemos que o analfabetismo ou a miséria, não eximem ninguém de seguir as normas.

Ou seja: não é porque o cara é analfabeto, pobre ou louco, que ele não deva usar os equipamentos necessários na sua funilaria.

Cadê os fiscais e a vigilância sanitária? São nessas horas que você conhece a eficiência duma administração municipal.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Aposentado mata funcionária pública

O aposentado Celso Muniz Coelho, 65, matou a funcionária pública Aparecida Ribeiro hoje na cidade catarinense de Correia Pinto. Por não conseguir marcar uma consulta ele se revoltou, invadiu a Secretaria da Saúde do Município e disparou várias vezes. O assassino foi preso em flagrante por homicídio e porte ilegal de arma. Veja o vídeo.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Nelson Brambilla é o novo prefeito de Araras

O médico sanitarista Nelson Brambilla (PT) e coligação “Araras, o futuro é agora”, foi eleito prefeito de Araras (região Central do Estado de São Paulo), neste domingo (18), com 37.746 votos.

Brambilla que exerce as funções de prefeito interino obteve 56,3% dos votos válidos, concorreu com o candidato Pedro Eliseu (PSL), que conseguiu 29.243 votos. (43,6%). Votos brancos somaram 2.090 e nulos 3.278. De acordo com o Cartório Eleitoral, 14.080 pessoas não compareceram à votação, uma abstenção de 16,29%. A apuração durou cerca de duas horas.

A votação teve início as 8h e se encerrou as 17h, nos 40 locais de votação. Das 251 urnas, apenas quatro apresentaram problemas, mas foram trocadas imediatamente, sem causar transtornos. Segundo a Polícia Militar, nenhuma ocorrência de crime eleitoral foi registrada e a votação seguiu tranquila em todas as seções. A diplomação está marcada para o dia 10 de agosto, às 20h, no Plenário da Câmara Municipal.

Nelson Dimas Brambilla, que priorizará as áreas de educação, moradia e emprego. é médico especialista em gastroentereologia; foi eleito para o cargo de vice-prefeito em 2001, tendo assumido a Secretaria da Saúde. Nas eleições de 2004, foi candidato a prefeito, mas ficou em segundo lugar com 16,8 mil votos.

Em 2008, foi eleito vereador com 7,5 mil votos. No ano seguinte, assumiu a presidência da Câmara e, em julho, com o afastamento de Pedrinho Eliseu, assumiu o cargo como prefeito interino.

A eleição realizada em outubro de 2008 foi anulada em junho de 2009 pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) diante das provas de que reportagens do jornal Já, sobre um candidato, influenciaram no resultado das eleições.

Dessa forma, por abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação, o prefeito eleito, Pedro Eliseu Filho, e seu vice, Agnaldo Píspico, tiveram os registros de candidaturas cassados.

Em agosto de 2009, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negou o pedido de liminar para a volta do prefeito e vice. Além de perderem os cargos, Pedrinho e Píspico ficaram inelegíveis por três anos. No dia 24 de maio, o juiz eleitoral, Antônio César Hildebrand e Silva, determinou a realização de um novo pleito.

A organização da eleição fora de época mobilizou cerca de 850 pessoas, entre mesários, oficiais de justiça, juízes, promotores eleitorais, servidores do Cartório Eleitoral, representantes do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), além dos apuradores de votos.





segunda-feira, 19 de julho de 2010

Brasil Urgente

A candidata petista à presidência da República Dilma Rousseff inaugurou no dia 13, terça-feira, durante a segunda semana da caminhada rumo ao planalto, o comitê central em Brasília, com a presença de milhares de militantes e lideranças políticas; no mesmo dia o site oficial da campanha entrou no ar.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura familiar, que representa mais de 20 milhões de produtores rurais, confirmou seu apoio à Dilma, também no dia 13.

Na quarta-feira (14), o Partido Progressista (PP), com 1.200.000 filiados, anunciou sua adesão política à candidata petista. Os progressistas farão campanha em vinte estados da federação.

No Paraná Dilma reuniu-se com 800 lideranças políticas, (230 prefeitos), e garantiu o apoio ao candidato Osmar Dias ao governo.

Nas ruas do Rio de Janeiro cerca de 15.000 militantes, com bandeiras em punho, participaram de um comício, depois de caminharem da Candelária à Cinelândia. Na assembléia Lula indicou Dilma como sua candidata.

Diversos setores da sociedade brasileira também declararam sua adesão à Dilma Rousseff. Veja o vídeo.

domingo, 18 de julho de 2010

A vergonha esquizofrênica

Imagine uma folha que cai e que ainda permanece aos pés da árvore, alimentando a raiz. Mas não é mesmo bonito isso?

É poético, romântico, melancólico, e suscita muita tristeza. Mas eis que, se não quando, surge lá de cima o super, hiper, mega e tremendo tecladista supimpa, ansioso pra dedilhar com maestria, o hino do Corinthians, de orelhada.

Mas será o Benedito? Se o poodle pulguento e insaciado deixar, isto é, se reduzir um pouco a cadência dos seus latidos, talvez consiga concatenar as notas necessárias.

Quem sabe o nosso tecladista misterioso, vendo-se são dos porres homéricos a que está acostumado, tenha mesmo aprendido como se faz, para conseguir a boa harmonia, com seu instrumento. Ora veja.

Sei que chegaram a lhe dizer serem maléficos os resultados que se obtém com o uso imoderado do tabaco e álcool. Mas teria sido a cabeça dura, e ornada com a galhada e-nor-me, o estorvo na comprovação das instruções?

E segue o cabeça de cabra na teimosia inoperante, vadia e sem nexo. Perde-se entre os números da papelada que lhe aparecem embaralhados, numa confusão sem fim.

Ô pinguço do inferno! Já não lhe avisaram ser necessário limpar a piscina suja, a fim de que os vizinhos não sofram as complicações da dengue?

O escroto dos esgotos ainda não aprendeu serem insanas as formas anônimas de manifestação? A mamãe balofa não ensinou que os vizinhos devem ser respeitados, da mesma forma que gostaríamos que nos respeitassem?

Cabeça de bagre tímido e fujão: pra ser cantor, gravar CDs e se apresentar em público é necessário, antes de tudo, alguma psicoterapia libertadora dessa “vergonha” esquizofrênica.



sexta-feira, 16 de julho de 2010

Não faça aos outros o que não deseja para si

Quem é que não precisa de alguém, não é verdade? Todos nós carecemos das outras pessoas para que exerçamos, com plenitude, o nosso destino glorioso, traçado por Deus.

O que seria do autor de novelas se não houvesse aquela atriz, ou ator que lhe fizessem brotar a verve literária? O que seria do filósofo se não houvessem os problemas emaranhados, a opressão do poder, as injustiças políticas e sociais?

Ninguém pode ser completo sozinho. Tudo o que temos vem de alguém, por meio de alguém, feito por outras pessoas. As próprias riquezas naturais, como o ouro ou petróleo, por exemplo, são conseguidas por esforços, de gente habituada a isso.

Então, das profundezas e superfície da terra surgem os bens primários, indispensáveis a sobrevivência nossa sobre o planeta. “Mas espera um pouquinho ai...” - interromperia nosso arguto leitor – “... se tudo o que temos passou antes por alguém, o que dizer da luz do sol, da terra em si, das águas do mar, dos ventos e de todas as demais estrelas do céu?”

As coisas que não foram criadas pelas mãos humanas estavam aqui antes de qualquer um de nós chegarmos. O universo todo precedeu a qualquer forma de vida. Como explicaríamos a existência dessas coisas?

Na verdade tudo teve um princípio, um começo. As interpretações dependem da “tribo” a que você pertence. Se você se alinha aos cientistas, então você se contentará com as aulas que ensinam ser o universo um produto da grande explosão chamada “Big Bang”.

Mas se a dúvida lhe atazana o senso de certeza, você notará que, além de todas as coisas, visíveis e invisíveis, serem o resultado de movimentos constantes e regulares, o início foi propiciado por uma poderosa força criadora denominada, há milênios, pela palavra Deus.

“Então, nesse sentido, Deus seria uma grande explosão?” – perguntaria meu apressadíssimo leitor.

Em resposta lembraríamos que Deus é amor, compaixão, vida, respeito ao próximo, e principalmente apreço às liberdades individuais, inclusive a de expressão.

Não devemos fazer aos outros o que não desejamos pra nós mesmos.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Por falar em futebol...

O Clube de Regatas Flamengo passa por momentos dificílimos, nesse período de 2010, quando vê um dos seus atletas mais destacados, envolvidos com a lei.

Na verdade essa história horrível, semelhante a um maremoto devastador, serviria para acordar as forças vitais da entidade que recrudescerão, sem dúvida, logo em seguida, mais fortes.

A propósito, dessa conjuntura toda, desse emaranhado de situações onde se misturam fatos delituosos, insucesso brasileiro na copa do mundo e, a perspectiva iminente da troca do representante maior da nação, Jorge Ben, que é um dos ícones da música popular brasileira, relançou junto com Mano Brown, o sucesso de 1976, "Ponta de Lança Africano (Umbabarauma)".

Esta gravação, que é um trabalho utilíssimo, não teria melhor momento para surgir do que agora. Trata-se de um hino que realimenta a alma do torcedor campeão.

A produção é do Daniel Ganjaman e do Zegon (NASA); a co-produção de Gabriel Ben Menezes. Backing vocals: Anelis Assumpção, Céu e Thalma de Freitas. Na percussão Pupillo, do Nação Zumbi. Veja o vídeo.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Os loucos do quarteirão

Num quarteirão existem os mais loucos e esses tipos podem apresentar sinais que os distinguem. A agitação é uma das características perceptíveis.

Os sintomas da agitação psicomotora são os seguintes: 1) – Insônia de vários dias, perda da capacidade de dormir. 2) – Humor irritável com exagero das manifestações agressivas a estímulos inofensivos. 3) – Angústia, “medo”, pavor e pânico. 4) - Regressão à etapas primitivas da organização psíquica, irracionalidade das atitudes. 5) - Conduta hiperativa, desorientada desmesurada, multiforme; falta de sentimento de cansaço e esforço; movimentação constante, como o de uma pessoa impaciente, que está num certo lugar à espera de algo e que ao mesmo tempo quer sair para fora. 6) – O enfermo experimenta uma imperiosa necessidade de movimentar-se; anda sem parar de um lado para outro apressado, irritado, aborrecido, como se tivesse preso num determinado limite e a procura de saída. 7) – Dificuldade de manter diálogo com predominância de monólogos incompreensíveis. 8) – Agressividade sujeita a impulsividade. 9) – Transtorno de consciência, com flutuação do nível da consciência, desorientação e em certos casos, estado confusional.

As pessoas dotadas de maior acuidade ou senso de observação podem notar que, em determinado doente mental do quarteirão, destacam-se alguns sintomas. Dentre eles a insônia de vários dias, perda da capacidade de dormir; o medo; a predominância de monólogos incompreensíveis e agressividade sujeita a impulsividade.

O delírio persecutório, de interpretação, e as confabulações são também facetas observáveis com facilidade nessa personalidade insana, acometida pela agitação psicomotora.

Sob surto os loucos do quarteirão desassossegam os vizinhos usando muito ruído, vibrações, fumaça e tinta automotiva. Além dos motins de rua, arruaças, podem atacar com paus, tijolos ou agredirem moralmente.



Obra consultada: Semiologia psiquiátrica.

Dra. Maria Levy.



segunda-feira, 12 de julho de 2010

Os Assassinos do Quarteirão

Por Geraldo Bandeira



Geralmente os assassinos em potencial de uma comunidade, agem provocando a vítima, tentando obter dela uma reação, que justifique a matança.

Hospedeiros de psicoses várias, os matadores podem verberar por muito tempo, perturbar as vítimas com ruídos, fumaça ou outro elemento químico, objetivando o confronto direto.

Os matadores de um bairro podem tentar a consumação do crime, usando tijolos ou paus. A miséria material impediria a aquisição de armas para a consecução dos intentos criminosos.

As ocupações desse tipo de criminoso limitam-se àquelas em que despendem grande esforço físico, tais como a coleta de lixo nas ruas, funilaria e pintura de autos.

Observa-se entre esse tipo de criminoso o uso de drogas, tanto as aceitas socialmente como o cigarro e o álcool, quanto as de uso proibido, como a maconha e o crack.

Não é rara a constatação de doenças cárdio-respiratórias dentre os viciados que, nos finais de tarde, se aglomeram nos botecos, onde satisfazem as necessidades mórbidas.

A irritabilidade provocada pelo uso continuado dessas drogas viciantes, redundará em ações provocativas a parentes, vizinhos e animais domésticos. A ação de incitar o próximo serve como aliviadora das tensões neurológicas e do local onde habitam.

A moradia desses tipos demenciados é geralmente muito suja, apinhada de gente, onde imperam o analfabetismo, as superstições e muita crueldade.

domingo, 11 de julho de 2010

Muito milho pra poucos bicos

Tanto nas idas quanto nas permanências e voltas, os loucos da cidade cercavam suas vítimas. Era uma regra.

Os dementes compunham a seita maligna do pavão-louco e não admitiam a estadia de qualquer pessoa discordante da política corrupta do prefeito Jarbas, o caquético.

Como era do conhecimento geral, o prefeito, seus vereadores, o deputado estadual e federal, aproveitavam-se das licitações, para enriquecerem seus patrimônios particulares. Essa verdade era mansa e pacífica.

Tanto era assim que em Tupinambicas das Linhas uma única empreiteira ganhara mais de 45 concorrências públicas, em pagamento do capital que investira na campanha, que elegeu o prefeito Jarbas.

Praticamente não havia quem não recebesse um “presente” do prefeito ou dos seus correligionários. Essa atitude evitava as queixas, as reclamações e amenizava a derrota das demais empresas que se aventuravam a participar dos certames públicos.

Participar de uma licitação na prefeitura era o mesmo que jogar com as cartas marcadas. Se o partícipe não fosse da “panela” não teria a menor oportunidade.

Era assim que essa espécie de “casta” política governava a cidade por gestões seguidas, sem que a oposição, aliás, bem fraca, tivesse qualquer chance de ocupar o poder.

Na cidade a combinação entre as religiões pagãs e a política, formava a equação usada pela gente que ocupava os cargos eletivos, por mais de trinta anos seguidos.

Dessa maneira nem as denúncias de fraudes, contra o erário público, apesar de comprovadas, conseguiam sacar dos tronos intocáveis, os vendilhões da legalidade.

O chamado “progresso material” da urbe, na verdade, não passava de oportunidade aos responsáveis, tanto políticos, quanto técnicos, para acrescentar aos seus bens particulares, parte da riqueza que pertencia à cidade.

Então, obras voluptuosas tais como pontes desnecessárias, asfaltamento de ruas já calçadas e prédios destinados às repartições municipais, eram feitas assim como nos passes de mágica.

Em Tupinambicas das Linhas não se poderia dizer, com relação às verbas públicas, serem elas pouco milho para muito bico. Na verdade, o montante do dinheiro desviado era tanto, que se podia afirmar, sem medo de cometer engano, ser muito milho pra poucos bicos.

Se não fosse mesmo assim, então como explicar as reeleições seguidas, dos candidatos miseráveis, que durante suas vidas de pobres ingênuos, só conseguiram alcançar o maior destaque, quando se tornaram professores, de cursos preparatórios de vestibulares?

Esses políticos usavam a riqueza, desviada da população, na ativação e manutenção dos mecanismos repressores aos seus críticos. E a seita maligna do pavão louco, era um desses “aparelhos”, cujos membros cercavam tanto na ida, quanto na permanência e volta as suas vítimas.

Era bastante espinhoso suportar as atitudes insanas dos corruptos da cidade.

sábado, 10 de julho de 2010

A Gerente

Luisa Fernanda a gerente mais perfecionista que seus colegas de banco jamais viram, naquela tarde de quinta-feira, olhando sobre as cabeças de uma dezena deles, buscava alguém que pudesse lhe resolver a dúvida, suscitada pelos papéis que mantinha na mão.

A mulher estava de pé, no local amplo, ocupado pelos parceiros presos diante das telas dos computadores. Os cabelos curtos da bancária estavam penteados com esmero, e não impediam o destaque dos óculos de grossos aros negros, mantidos sobre o nariz.

No balcão, apesar de haver seis postos de trabalho, as filas se formavam diante de apenas três caixas que atendiam. A demora na atenção ao público gerava reclamações e alguns usuários chegaram a se queixar na rádio, causando alvoroço na diretoria. Mesmo assim, Luisa não se convencera de que a convocação de outro funcionário, para agilizar o atendimento, seria mais rentável aos patrões.

Com o nariz empinado ela procurava manter-se concentrada no trabalho, mas as lembranças do marido Célio Justinho, obsedado pela mania de tentar tocar, de orelhada, o hino do Corinthians, depois de bêbado, a preocupava muito. Luísa recebera inúmeras reclamações do barbeiro vizinho sobre os “atentados” do ébrio.

Não encontrando ninguém que pudesse lhe informar sobre qual carimbo usar naquelas vias verdes das notas fiscais, ela olhava ora para o lado direito, ora para o esquerdo, em busca duma fonte da informação salvadora. A diretoria do banco mudara recentemente a cor da papelada de amarelo para o verde. Porém, apesar da oficina de doze meses que fizera, para assimilar a troca, Luisa ainda abrigava dúvidas.

Ao manter seguros os papéis com a mão esquerda, ela, naquele momento de angústia, levou o indicador da mão direita aos lábios, como se perguntasse: “Quem me ajudaria agora com isso?” Mas ninguém poderia deixar de fazer o que fazia para atender a companheira.

Luisa Fernanda recordou-se que o marido, numa ocasião em que promovia um daqueles seus churrascos famosos, com muita gente bêbada e barulhenta, dissera pra galera hilária que ela, a chefe da casa, trocava com freqüência, os remédios tarja preta indicados pelo psiquiatra.

Quase ninguém acreditou que Luísa pudesse tomar, ao deitar, os comprimidos receitados para o depois do café da manhã. E que ao acordar, ela pudesse ingerir aquelas drogas prescritas para quando fosse dormir.

Apesar da confusão mental que a dominava com frequência, Luisa Fernanda conseguia manter o cargo, menos por mérito próprio, do que pelo poder da influência dos seus padrinhos.

Mas agora ali, naquele momento de grande burburinho na agência, ela não podia conter a vontade de sair correndo, deixar pra trás aquela perturbação toda e mergulhar na piscina de águas esverdeadas lá do seu quintal.

E foi só pensar em penetrar portão adentro, da casa doada pelo pai do Célio Justinho, que a recordação da amiga e seu marido, assassinados friamente por um visitante, lhe aflorou à consciência.

Como Luisa Fernanda não encontrasse, naquele instante, alguém livre que a pudesse auxiliar, resolveu tomar um café, dirigindo-se então à cozinha. Ela não conteve as lembranças do crime: o casal amigo, que ganhara bebê há pouco tempo, preparava-se para sair num sábado à tarde, quando alguém acionou a campainha. Olhando pelo olho-mágico, o homem reconheceu ser uma pessoa amiga que o procurava. A vítima despreocupada abriu o portão, alegrando-se pela presença do recém-chegado. Mas ao dar-lhe as costas, foi atingida por dois disparos na cabeça, dados à queima-roupa.

O grito de dor, bem como o baque do corpo caindo ao chão, chamaram a atenção da esposa da vítima que chegou correndo à sala. Da mesma forma que o marido, ela foi atingida por outros dois disparos que a mataram.

O neném recém-nascido foi encontrado horas depois pela mãe do homem assassinado. A polícia suspeitou que o crime foi cometido por uma ex-noiva do morto, ex-nora da vovó, que se incumbiria de cuidar da órfã.

Enquanto Luisa Fernanda, na cozinha, segurando um copinho de café ruminava suas recordações, alguém a avisou que o expediente havia terminado e que a agência só aguardava sua saída para fechar.

A gerente nunca sentiu tanta felicidade ao voltar para casa.

 

A Gerente

Luisa Fernanda a gerente mais perfecionista que seus colegas de banco jamais viram, naquela tarde de quinta-feira, olhando sobre as cabeças de uma dezena deles, buscava alguém que pudesse lhe resolver a dúvida, suscitada pelos papéis que mantinha na mão.

A mulher estava de pé, no local amplo, ocupado pelos parceiros presos diante das telas dos computadores. Os cabelos curtos da bancária estavam penteados com esmero, e não impediam o destaque dos óculos de grossos aros negros, mantidos sobre o nariz.

No balcão, apesar de haver seis postos de trabalho, as filas se formavam diante de apenas três caixas que atendiam. A demora na atenção ao público gerava reclamações e alguns usuários chegaram a se queixar na rádio, causando alvoroço na diretoria. Mesmo assim, Luisa não se convencera de que a convocação de outro funcionário, para agilizar o atendimento, seria mais rentável aos patrões.

Com o nariz empinado ela procurava manter-se concentrada no trabalho, mas as lembranças do marido Célio Justinho, obsedado pela mania de tentar tocar, de orelhada, o hino do Corinthians, depois de bêbado, a preocupava muito. Luísa recebera inúmeras reclamações do barbeiro vizinho sobre os “atentados” do ébrio.

Não encontrando ninguém que pudesse lhe informar sobre qual carimbo usar naquelas vias verdes das notas fiscais, ela olhava ora para o lado direito, ora para o esquerdo, em busca duma fonte da informação salvadora. A diretoria do banco mudara recentemente a cor da papelada de amarelo para o verde. Porém, apesar da oficina de doze meses que fizera, para assimilar a troca, Luisa ainda abrigava dúvidas.

Ao manter seguros os papéis com a mão esquerda, ela, naquele momento de angústia, levou o indicador da mão direita aos lábios, como se perguntasse: “Quem me ajudaria agora com isso?” Mas ninguém poderia deixar de fazer o que fazia para atender a companheira.

Luisa Fernanda recordou-se que o marido, numa ocasião em que promovia um daqueles seus churrascos famosos, com muita gente bêbada e barulhenta, dissera pra galera hilária que ela, a chefe da casa, trocava com freqüência, os remédios tarja preta indicados pelo psiquiatra.

Quase ninguém acreditou que Luísa pudesse tomar, ao deitar, os comprimidos receitados para o depois do café da manhã. E que ao acordar, ela pudesse ingerir aquelas drogas prescritas para quando fosse dormir.

Apesar da confusão mental que a dominava com frequência, Luisa Fernanda conseguia manter o cargo, menos por mérito próprio, do que pelo poder da influência dos seus padrinhos.

Mas agora ali, naquele momento de grande burburinho na agência, ela não podia conter a vontade de sair correndo, deixar pra trás aquela perturbação toda e mergulhar na piscina de águas esverdeadas lá do seu quintal.

E foi só pensar em penetrar portão adentro, da casa doada pelo pai do Célio Justinho, que a recordação da amiga e seu marido, assassinados friamente por um visitante, lhe aflorou à consciência.

Como Luisa Fernanda não encontrasse, naquele instante, alguém livre que a pudesse auxiliar, resolveu tomar um café, dirigindo-se então à cozinha. Ela não conteve as lembranças do crime: o casal amigo, que ganhara bebê há pouco tempo, preparava-se para sair num sábado à tarde, quando alguém acionou a campainha. Olhando pelo olho-mágico, o homem reconheceu ser uma pessoa amiga que o procurava. A vítima despreocupada abriu o portão, alegrando-se pela presença do recém-chegado. Mas ao dar-lhe as costas, foi atingida por dois disparos na cabeça, dados à queima-roupa.

O grito de dor, bem como o baque do corpo caindo ao chão, chamaram a atenção da esposa da vítima que chegou correndo à sala. Da mesma forma que o marido, ela foi atingida por outros dois disparos que a mataram.

O neném recém-nascido foi encontrado horas depois pela mãe do homem assassinado. A polícia suspeitou que o crime foi cometido por uma ex-noiva do morto, ex-nora da vovó, que se incumbiria de cuidar da órfã.

Enquanto Luisa Fernanda, na cozinha, segurando um copinho de café ruminava suas recordações, alguém a avisou que o expediente havia terminado e que a agência só aguardava sua saída para fechar.

A gerente nunca sentiu tanta felicidade ao voltar para casa.

O Espelho

Quando Van Grogue passava da conta nas biritagens, confundia tudo, como todo mundo sabe. Mas o baralhameto que fazia naquele julho já distante, causava desgosto intolerável em quem esperava dele um pouco mais de sensatez.

Van estava num estágio que misturava essa manta com Samanta e, sem chance com seu Sanches; temeroso que os crimes incendiários do PCC fizessem vítimas nos usuários das marinetes de Tupinambicas das Linhas, só andava a pé.

Mas durante as caminhadas ele se lembrava pesaroso do tempo em que tinha carro. Recordava-se do velho Corcel II desmilinguido, descorado, manchado e sem o gradil protetor do radiador, evocativo duma face banguela.

Grogue sempre foi um motorista impetuoso. Antes de sair, penetrava com vigor a chave naquele receptáculo frágil, girando com energia o instrumento. Depois que se sentava e, sentindo-se dono da situação, batia com força a porta do corredor.

Ele sabia que pra lhe dar sorte tinha que socar a peça no mínimo umas três vezes. Acelerava ao máximo o motor vetusto e disparava a buzina duas vezes antes da arrancada. "Era fogo na caixa d água!" sentenciara certa vez sua mãe barriguda.

Quando Grogue se penteava pela manhã naquele espelho quadrado do armário do banheiro, nunca supunha estar sendo vigiado por algum olho oculto.

Mas num belo dia percebeu que as notas que tomava nos velhos papeis guardados vinham sendo manifestadas por agentes da seita maligna do pavão-bem-louco.

Eram feedbacks negativos com os quais Van julgava quererem, os membros da seita impiedosa, impedi-lo de se manifestar.

Ora, Grogue podia ser tudo, menos estuprador e autista. Por isso sua expressão não poderia ser barrada nem mesmo sob o impacto duma cacetada no lado esquerdo do cocuruto.

Sem insulto à velha área do tio Broca, inexistiam motivos para impedimento justo; mesmo que o corte no couro cabeludo tivesse de ser costurado com dois ou três pontos.

Van Grogue realmente, quando o frio aumentava e tudo nele se contraia, ficava sujeito às lembranças do tempo em que sua velha e fofa mãe botava os três irmãos pra tomarem banhos juntos. Eram banhos coletivos e naquela situação em que todos se viam tal qual Adão e Eva no paraíso, a libido se manifestava.

Como o Grogue era mais velho, mandava sempre os mais novos pegarem o sabonete por ele, às escondidas, lançado ao solo. Essas atitudes feriram a suscetibilidade do Vermelho, um dos novos e fez dele um inimigo secreto do pobre Grogue.

Mas naquele julho Grogue extrapolara os limites viajando na batatinha e na maionese vencida. O infeliz misturava gaze com gás, gás com gasolina e Bahia com baia. Podia uma coisa dessas? "Ah... Capone vê se te emenda!" teria gritado uma vizinha já de saco cheio com os procedimentos ingênuos dele.

Grogue tinha consciência que as atitudes impeditivas da expressão do seu pensamento eram iguais a repulsa e negação do seu comportamento lá no banheiro. Tudo que vinha do Grogue suscitava aversão semelhante àquela havida durante os primeiros folguedos infantis debaixo das águas tépidas e vaporosas do chuveiro elétrico.

Ao entrar no boteco da tia Lucy Nada, Van encontrou a esperá-lo o Giam D. Bruce, Noecir Ponteiro e Narcíseo M. Artelo. O trio queria sacar-lhe o couro à semelhança do que faziam os caçadores aos jacarés, sapos e cobras.

Após deglutir a “dindinha” perguntou aos boquiabertos espectadores: "O que foi? Nunca viram não? Ao invés de cercar, não seria melhor me arrumar um emprego, um serviço?"

Depois de pagar o consumido Grogue saiu do boteco com uma idéia fixa na cabeça: tinha que saber tudo sobre a tal da morfologia flexional. Esse, daquele dia em diante, seria o canal.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Holanda e Espanha chegam fortes para a final

Olha ai, a copa 2010 está terminando e o mundo conhecerá, no domingo, o próximo campeão.

Ontem me perguntaram quem eu achava que venceria. Respondi que a Espanha levaria o troféu, mas tenho cá as minhas dúvidas.

A Holanda chega forte e ataca pela direita com um canhoto. Você já viu isso? Tudo bem. Não existem pontas-esquerdas destros?

Por outro lado a Espanha está formada com jogadores campeões desse ano. Ambas as equipes têm bons craques de bola.

Entretanto o velho chavão, conhecido entre os comentaristas, de que o futebol é momento, não deixa de ser lembrado para o encontro. Isso significa que o imponderável estará presente, mesmo com ambas as equipes bem preparadas e dando tudo de si.

A Espanha nunca chegou tão longe num campeonato mundial de futebol. Mas a Holanda foi uma das finalistas tanto em 1974 quanto em 1978.

Disso tudo quem ganha é o público apaixonado pelo esporte. Sem dúvida a copa da África do Sul foi um bom presente a todos os envolvidos nessa atividade.

O campeão mundial de futebol, a ser conhecido no domingo, receberá o troféu, que manterá em seu poder, até o certame seguinte, quando estará de novo em disputa.

O próximo campeonato se realizará em 2014 no Rio de Janeiro.

Aprenda a contar histórias. Veja o vídeo abaixo.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

O Mau Senso

Claudinho Bambini, o veadinho branquelo que cismou poder espancar o Grogue numa quizila surgida na praia artificial Tupinambiquence disse, naquela tarde, para a turma toda reunida:

- Vê se tem cabimento uma coisa dessas: o sujeito vendeu o carro que tinha e depois se arrependeu, negando-se a entregar a coisa. Esse mau senso ultrapassou os limites negando-se a devolver o dinheiro que havia recebido, por dizer que o gastara.

A rapaziada que, acomodada debaixo dos guarda-sóis, bebericava cerveja e caipirinha, folgando sob o mormaço inclemente, quase não dava atenção ao Bambini, mas mesmo assim ele prosseguia:

- Esse tal Van Grogue pensa que é muita coisa. Pois todo mundo sabe que o ordinário, tem passagens pela polícia, tendo sido detido várias vezes, inclusive por tentativa de incêndio. Pegaram essa “carniça” querendo incendiar um boteco com um coquetel molotov.

Enquanto Claudinho completava sua comunicação, ingerindo uma talagada da engasga-gato, um avião monomotor, arrastando atrás de si uma faixa publicitária com os dizeres VAI QUE DEPOIS EU VOU, passou voando baixo.

Um dos que estavam ao redor do Bambini perguntou:

- É verdade que agora todas as portas do inferno se abrem para o escrofuloso? Vai pras cucuias esse Grogue maligno?

Quase ninguém prestou muita atenção no que dissera o sujeito, primeiro porque todos estavam “pra lá de Bagdá”, impermeáveis a qualquer impressão que lhes pudessem proporcionar os estímulos do ambiente. E segundo porque o Claudinho Bambini ligara o rádio a pilhas, que trouxera, em volume suficientemente alto que dificultava o entendimento das palavras dos confinantes.

- Ouvi dizer que Geraldinho Chuchu, do gabinete do Jarbas, está interessado no projeto daquele circo do prefeito. - afirmou Edgar D. Nal, acendendo um cigarro. - Dizem também que o prefeito vai contratar um engenheiro para construir barcaças que farão passeios turísticos pelo rio Tupinambicas. Será verdade?

Como a praia artificial feita por Jarbas, na margem esquerda do rio, ficava próxima ao prédio que abrigava a prefeitura, puderam os banhistas ver o alcaide quando este chegava naquela tarde, para o trabalho. Bambini disse.

- Veja lá o homem das licitações. Ele vasculha tudo, remexe a papelada antiga, mas não se importa quando fazem o mesmo com ele. O mundo inteiro sabe que esse prefeito é brejeiro e que acoberta maganões. Ele usa a seita maligna do pavão-louco para conseguir seus objetivos. Mas já não está tão eficiente assim.

- Bambini, ô Bambini, vê se tem um pouco de cajibrina pra mim. Imagine só, com esse calor quem é que agüenta ficar sem tomar cerveja. - clamara, de repente, Mariel zonzo de tanta cana.

Mariel Pentelini que até aquele momento não se manifestara, mantendo um silêncio tumular, levantou-se e caminhando até a margem do rio, puxou de lá um cordel que tinha amarrado na ponta, um recipiente de tela metálica, dentro do qual havia dezenas de latas de cerveja.

- Não desperdice bebida assim. Nós vamos ficar até mais tarde. - esbravejou Aquino Pires, o funileiro que vendera a oficina depois que a polícia o flagrou adulterando vários chassis de carros furtados.

Van Grogue sabia que aquela turma vadia e ameaçadora só podia estar na praia àquela hora, por isso passou devagar com seu carro, observando de longe, o grupamento de desocupados.

- Não é à toa que a maioria desses panacas vive à custa das pensões do INSS. Bando de vagabundos. É o dia inteiro assim: passam o tempo bebendo e dizendo insanidades. Como é que pode um país progredir com gente desse tipo? Olha lá, tem até um caubóiola no meio da súcia.

Bambini e sua quadrilha também desejavam que Grogue sumisse da cidade. Quem mais se interessava por isso era Jarbas, o energúmeno, que deixaria de ter seu eleitorado exposto aos fatos contidos nos processos criminais, que apuravam os crimes por ele cometidos, e proclamados aos quatro ventos, pelo imbatível Van de Oliveira Grogue.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Um mistério chamado Carolina Dieckmann

Creio que estão sendo muito rigorosos nessa análise da atuação da Carolina em Passione. São opiniões pessoais cruéis contrárias à atriz. Isso não significa que ela não tenha mesmo valor ou que inexistam fãs seus por todo o Brasil.

Há uma tremenda má vontade disposta contra a profissional. Ela tem valor e muito; tanto é assim que ocupa o lugar desejado por milhões de pessoas, por milhares de atrizes.

Se Dieckmann não tivesse nada com que presentear o público, das novelas em que atua, certamente não entraria diariamente na casa dos milhares de apaixonados pelas tramas, enredos e situações apresentadas.

A novela é um retrato da sociedade em que vivemos. Os atores são produto do meio em que vivem. Ninguém que não tivesse valor estaria onde está. Há motivos de sobra para terem e curtirem a chance que receberam.

Muita gente discorda, com veemência, das palavras ditas na crítica apresentada por Jorge Brasil.

Haveria alguém mais habilitado, que o autor da novela, para dizer ser a atriz incapaz de acrescentar algo aos seus personagens?

Se o Silvio de Abreu quisesse um quê a mais, caracterizador da Diana, você não concorda que ele deixaria isso bem expresso, bem claro?

A implicância pessoal gratuita não caberia numa análise isenta, idônea da atuação de qualquer profissional.

Imagine como Renata Sorrah comporia personagens que não fossem problemáticas, neuróticas e loucas. E você acha que ela não teria cabedal para fazer isso?

É claro que sim.

O repertório de esgares, que Dieckmann apresenta é o suficiente na caracterização da personagem. Se este tivesse um tique, um trejeito diferenciador, ele seria pedido no texto.

"Queixo trêmulo", "olhar pidão", "nariz empinado" e "voz de coitadinha" ninguém via em Açucena.

Não há como agradar a todo mundo. Isso é verdade. Brigas e discussões, numa trama, são sentidas de forma diversa pelo público. Há os que se percebam envergonhados, mas há também quem sinta ódio, medo, e desejo de punição.

O despertar simpatia é bastante subjetivo. Atraem-se os iguais. Simpatizam por Clara aqueles que possuem algo semelhante a ela.

Não podemos comparar atrizes com tempos diferentes de atuação, sem cometer equívocos no julgamento. Como seriamos imparciais ao confrontar Murilo Benício a Francisco Cuoco? Ambos têm características peculiares que os tornam requisitados.

Pode haver engano, na afirmação de que Dieckmann sofra representando Diana. Talvez a Diana perfeita fosse aquela que usasse cabelos curtíssimos, óculos de grau e trabalhasse numa revista.

Às vezes ocorre que, por sermos eficientíssimos na profissão, julguemos, sem acerto, todos os demais colegas fracos e inseguros. Mesmo que sejam atores, representando alguém que nunca foram.

sábado, 3 de julho de 2010

Devolvendo a bola

Tudo o que sobe desce, é verdade. O pior ocorre quando há a queda, ai sim a coisa se complica.

Na descida descontrolada, isto é rápida demais, pode haver fraturas, lesões e danos de toda ordem.

Mas nada como manter o autocontrole durante a volta à terra firme. O ideal é que na vinda lá de cima, aqui pra baixo, seja feito o percurso de forma não tão ligeira demais, compreende?

Mesmo assim dependendo do objeto que despenca, nem a lentidão do trajeto descendente, deixa de provocar danos funestos. Os balões, por exemplo, descem bem devagarzinho, mas podem provocar incêndios destruidores.

Há os que caem por menosprezo aos outros; existem os que deixam de estudar com a desculpa de que precisam trabalhar. Há também os que vestem os elmos, crendo ser invulneráveis em decorrência disso.

Entretanto, ao chegar aqui em baixo, onde vivem os mais simples, os mais ingênuos, é bom não esquecer que humildade e muito respeito são também fundamentais.

Se você já não é mais prefeito, vereador, deputado estadual, federal, candidato à governador e voltou a viver no rés do chão, não se preocupe; não se deixe levar pelo desespero. Saiba que manter o autocontrole, nesses momentos, pode significar mais saúde, longevidade e bem estar.

Imagine que bobagem você faria se, depois da fratura de uma clavícula, você se deixa abater pelo medo, recusando-se a entrar em campo novamente.

Calcule a ausência das tentativas de superação, se depois de ter o rádio do braço direito fraturado, por uma bolada maldosa, deixa de retornar aos gramados.

Imagine só que bobinho você seria se, depois de um ataque dum enxame de abelhas loucas, você se deixa paralisar pelo medo.

Pare com isso, pegue logo aquela bola e volte pra peleja.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Holanda acaba com o sonho brasileiro

Num jogo dramático no estádio Nelson Mandela Bay, em Porto Elizabeth, a seleção holandesa venceu hoje, de virada, por 2 a 1, o selecionado nacional que volta pra casa.

No primeiro tempo os brasileiros foram mais positivos, cabendo-lhes a iniciativa das grandes jogadas.

O Brasil que manteve também, por mais tempo, a posse de bola, chegou ao gol na etapa inicial, com Robinho que aproveitou o passe longo de Felipe Melo.

Os holandeses chegaram ao empate na segunda etapa, numa jogada aérea – cruzamento na área - feito da direita, pelo canhoto Sneijder. A bola tocou em Júlio César e em Felipe Melo, antes de morrer no fundo do gol.

No segundo tempo houve também a expulsão do volante Felipe Melo, por pisada violenta e desnecessária no atacante adversário. O desfalque desequilibrou o time de Dunga.

Logo em seguida, depois da cobrança de um escanteio, a bola foi tocada de cabeça, pra trás, onde estava de novo, o camisa 10 Sneijder, da “laranja mecânica”, que fez o gol da vitória. O desempate provocou o desespero no selecionado de Dunga.

“Ninguém prepara um time para perder. Sempre para ganhar. Lógico que esse nervosismo se deve ao fato de o adversário virar o jogo. Acaba acontecendo o nervosismo. O jogo não andava, cada falta demorava algum tempo para dar prosseguimento, isso deixa nervoso”, disse Dunga numa entrevista à imprensa.