sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

O Motorista de Kombi

Por Fernando Zocca

Olha a ironia dos adversários do Van Grogue: quando souberam que seu pai passaria por uma cirurgia cardíaca deixando, portanto de trabalhar por um tempão, providenciaram pra ele, o pinguço, um serviço de motorista de Kombi.

A perua era daquelas bem velhas em que nem os freios funcionavam direito. A partida, pela manhã, era um inferno. Gastava-se dezenas de minutos tentando fazer aquele “desacordo” pegar.

O cacareco passava a noite, parada na rua, defronte a casa alugada. Vanzinho de Oliveira rezava, durante a madrugada, para que os bandidos vizinhos não a detonassem de uma vez por todas.

Por sorte esse temor do Van de Oliveira não se concretizou. Ele acordava cedo, entrava na bagaça, girava a chave no contato e tentando, tentando, só se tranqüilizava depois de dez minutos, quando o motor funcionava.

No quarto, no andar de cima, repousava o velho pai do Van de Oliveira. Ele acabara de passar por uma intervenção cirúrgica e tinha os ossos do tórax costurados com fios de aço. Os ferimentos nos músculos e pele do peito eram costurados por fios pretos cobertos com gaze.

E toda a manhã quando Groguinho punha a sua Kombi pra funcionar, o velhote acordava lá no andar de cima e gemia sem parar.

- Ai, ai, pelo amor de Deus! Pisa nessa bosta de acelerador que ela pega! – gritou certa vez o papai do Van.

Pois foi assim mesmo que o então garoto, aprendera que umas bombeadas antes e durante o acionamento do motor de partida, seriam propícias ao funcionamento da bexiga.

O tal trabalho que uma das irmãs do pai do Grogue arrumara pra ele, o menino vadio, maconheiro vagabundo, sem-vergonha e mau caráter era o de transportar as lavadeiras de um centro comunitário da periferia.

As tais lavadeiras depois de lavar e passar as roupas das usuárias do serviço, tinham de entregá-las de volta. E ai é que entrava o nosso Van de Oliveira Grogue.

Bom pra encurtar a conversa, é bom que se diga, rapidamente, que o tal motorista não ficou muito tempo no emprego.

Logo que suprimiram o cardiotônico Kombetin, usado pelo pai do Grogue, o nosso motorista foi dispensado do tal emprego. E isso sem que recebesse nenhum direito trabalhista.


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe

Por Fernando Zocca



Por quais caminhos você andava em maio de 1997? Parece que foi ontem mesmo, não é? E tudo pode estar assim tão vivo, na memória, que a recordação assemelhar-se-ia a um vídeo possível de ser revisto em qualquer ocasião.

Em maio de 1997 ocorreram momentos de muita covardia, traição, engodos, disseminação de boatos destruidores, mentiras forjadas que objetivavam segregar, hospitalizar e destruir pessoas em nome do dinheiro e da posição social.

Com muita cerveja, os matadores se reuniam ao redor da piscina, onde se tramava o destino dos pobres. A destruição era a meta. Havia a adesão de seitas, cujos fins eram os de exterminar, de envergonhar, de humilhar, em nome de não se sabe o que.

Políticos se envolveram prometendo o cumprimento da sentença de morte, em troca de mais uma temporada, com direito aos salários no final do mês.

Que vergonha! E dizem depois que essas associações têm escopo humanitário, fazem filantropia e promovem o crescimento dos seus adeptos.

Mas ninguém garante que não façam esses encantos todos sobre os cadáveres dos divergentes. Que falta de juízo! Quanta grosseria, ignorância, quanta impiedade!

Isso tudo leva a concluir que é verdadeira a assertiva de que a riqueza, de algumas pessoas, é feita com a destruição de outras, mais ingênuas. E que até o cobalto usariam no assassínio.

Os inocentes, crentes nas noções das tais seitas, são os primeiros, a serem danados, destruídos. A lengalenga os prepara para o desapossamento dos bens, da saúde, das amizades e da própria vida.

Mas há um tempo para tudo. Não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe. Como diria o nosso amigo Van Grogue: “A gente esperamos receber a bufunfa que nos pertence”. Até o químico bêbado, mais surdo, compreende isso.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Os Murmúrios do Mário Heleno

Diva Cristina sentia-se aborrecida naquela segunda-feira. Seu filho mais velho abandonara a escola alegando que todos o zoavam por ser muito feio e demorar a responder as questões apresentadas, na classe, pela professora.

Seu marido Augusto não obtinha bons resultados na selaria devido ao fato de as pessoas usarem, nos dias atuais, mais automóveis do que cavalos ou charretes.

Diva Cristina sentindo então as dificuldades trazidas pela escassez de trabalho do marido resolveu ela mesma ir à luta, oferecendo-se como faxineira. Ela trabalharia uma vez por semana, recebendo por isso o numerário equivalente ajustado.

A insegurança que a envolvia, por não ter experiência na atividade, seria minimizada pela amizade e o carinho que esperava do seu primeiro cliente: Diva Cristina faxinaria a residência de um parente morador na vizinhança.

No primeiro dia de trabalho, que ela começou logo depois de ter atravessado a rua, que separava as duas casas, consistiu em varrer a sala, espanar os móveis, lavar a louça usada no jantar da noite anterior, lavar a garagem, varrer o quintal e por fim, enxaguar o banheiro tirando dele todos os odores nefastos.

Na semana seguinte Diva retornando, fez os mesmos serviços. Ela não ficava sozinha na casa. Apesar de a dona, sua parenta, funcionária da fazenda oligárquica estadual, onde permanecia ociosa a maior parte do dia, os movimentos na residência eram acompanhados, de perto, por Mário Heleno, um solteirão barrigudo, tabagista inveterado.

As más línguas do bairro garantiam ser Mário Heleno um verdadeiro sapo boi, por ter algumas semelhanças com o animal. A igualdade não cessava só na aparência física. Mário Heleno, sempre de mau humor, destilava-o com freqüência, nas horas e horas em que passava solitário a murmurar, fazendo-o sempre igual ao coaxar dos batráquios.

Numa ocasião quando Diva Cristina já cansada dos sufocos sofridos com Augusto, que não parava mesmo de beber, e por sentir a angústia que lhe dava o excesso de gente desocupada dentro de casa, saiu para trabalhar, indo, porém com o espírito prevenido. Ela pressentia que algo de muito desagradável estava pra acontecer.

Ao transpor o portão e iniciar o percurso, subindo pela escada traçada sobre um gramado mal cuidado, Diva Cristina pôde ouvir os muxoxos do Mário Heleno que se mostrava bastante hostil naquela manhã.

Por muito pouco os dois não se envolveram numa daquelas discussões constrangedoras infindáveis, em que até os vizinhos alheios aos assuntos se sentem mal.

Por saber a Diva Cristina que a vingança é um prato que se come frio, ela esperou toda aquela raiva do Mário Heleno passar e, num gesto catártico pra ela, tomando a escova de dente do tal gorducho bigodudo, esfregou-a por longos minutos no vaso sanitário.

“A gente ganha pouco, mas se diverte”, pensou ela naquela tarde em que deixou o trabalho tranqüila e bem feliz da vida.





segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

As Almofadas

Leandro Pausa aproximou-se da envelhecida Mara K. Utáia e dizendo que a mandaria para o hospital psiquiátrico mais próximo, queixou-se também da mancha esverdeada que ela causara na sua almofada nova.

K. Utáia sentara-se com a calça jeans suja, num dos coxins do Leandro, e tal fato fora suficiente para brotar nele as reações iradas.

- Verme do inferno, ladra de herança, fofoqueira de beira de piscina, comedora de churrasco de Poodle, fumaça que sufoca, será que você não percebe que sujou a minha almofada que acabei de comprar? – Inquiriu aos berros o iracundo Leandro.

- Nossa! Por que tanta brabeza criatura? Eu sei que você me olha e baba. Mas não é assim, não filhote. – retorquiu K. Utáia com ironia.

- Você acabou com a minha credibilidade. Depois de você não sou mais o mesmo; desacreditou o meu comércio. Quero que você vá logo pro inferno! - berrava Leandro Pausa.

- Quem pode, pode bebê! Quem não pode, se sacode, bate palmas ou vaia. – chuleou K. Utáia com serenidade.

- Vou te perseguir durante toda minha vida. Ainda te verei clamando perdão, carniça fedorenta! – esganiçava Leandro sem se importar com os vizinhos que atentos, ouviam mais um escândalo na casa do latoeiro.

- Depois que você parou com a Yoga ficou assim neurótico, intratável, um burro, uma besta insuportável – explicava Mara.

- Yoga, que mané Yoga? – quis saber Leandro.

- Yoga, sim. Você me disse que o magricela da Companhia Tupinambiquence de Energia Elétrica, te ensinou aquilo tudo. E quem mostrou como era, para o tal magrinho, teria sido o gorducho bigodudo, que descansava na carroceria do caminhão baú, durante os horários de almoço.

- Mas você en-lou-que-ceu! Pirou no sofazinho. O que é? Parou com o Gardenal, com o Rivotril? Você está idosa demais, Mara. Seu tempo já passou. Já era. Só pode ser cocô de gato. Não é possível. Pare de recolher bichanos da rua. Você ainda vai se dar mal. – lecionou Leandro.

Um silêncio fúnebre envolveu os litigantes.

- Por que você não passeia pelos campos verdes da fazenda oligárquica, onde seu pai se aposentou aos trinta anos de idade? Aproveita e pega um pouco daquela água da bica, e leva pra ele que vai completar noventa. – atacou Leandro.

- Assim não tem condição pra continuarmos. Eu não fico mais aqui. Com licença, vou à luta. Essa conversa a mim não nutre. – decretou Mara saindo e jurando que nunca mais voltaria ali.



sábado, 20 de fevereiro de 2010

Polícia investiga pedofilia no Flamengo

Por Napoleão Toko

Uma associada do Clube de Regatas Flamengo relatou no dia oito de fevereiro, na Delegacia da Criança e do Adolescente (DCAV), ao delegado Luiz Henrique Marques, que viu um dirigente do clube “acariciando ostensivamente o órgão sexual” de um menino de aproximadamente dez anos, nas imediações da sede da Gávea, reportou hoje o site do jornal carioca O Dia.

De acordo com seu depoimento à polícia, a denunciante ouviu o acusado dizer para a criança: “Você é gostosinho. Você é bonitinho”. A associada, então, seguiu para o clube à procura do responsável pela criança, acreditando que o menor poderia ser filho de algum atleta ou estivesse tentando entrar no clube através de uma peneira.

Como não encontrou os pais do menor na sede da Gávea, a denunciante se dirigiu a outro diretor do Rubro-Negro e, em seguida, à presidente Patrícia Amorim, para denunciar o ocorrido.

Logo depois a denunciante procurou a vereadora Liliam Sá (PR), que a encaminhou à Justiça. A legisladora espera o desfecho das investigações. “Ainda não podemos acusar ninguém. Há indícios de que isso esteja acontecendo e, se a denúncia for comprovada, a presidente Patrícia Amorim deve tomar providências”.

“É uma denúncia grave, que está sendo tratada em sigilo”, afirmou o delegado titular da unidade, Luiz Henrique Marques que não descarta a possibilidade de ouvir a presidente do Flamengo, Patrícia Amorim. “Se necessário, ela será chamada”. Patrícia voltou a afirmar ontem que só voltará a se pronunciar se for notificada pela polícia.







sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

O Santo do Dia

Santo Gabino

19 de fevereiro

Gabino nasceu na Dalmácia, atual Bósnia, numa família da nobreza romana cristã, radicada naquele território. Na idade adulta, ele foi viver em Roma com a intenção de se aproximar da Igreja, mesmo sabendo dos sérios riscos que correria. Nesta cidade, ele se tornou senador e se casou. Com a morte da esposa, Gabino decidiu ser padre. Transformou sua casa numa igreja, consagrou a jovem filha Suzana, à Cristo, e a educou com a ajuda do irmão Caio, que já era sacerdote. Juntos, eles exerciam o apostolado em paz, convertendo pagãos, ministrando a comunhão e executando a santa missa, enfim fortificando a Igreja neste período de trégua das perseguições.

Segundo os registros encontrados, Gabino e os familiares, eram aparentados do imperador Diocleciano. Assim, quando o soberano desejou ter a filha de Gabino como nora, não conseguiu. Enviou até mesmo um emissário para convencer a jovem, que não cedeu, decidida a se manter fiel à Cristo, sendo apoiada pelo pai e o tio Caio, que fora eleito papa, em 283. O imperador ficou mais irritado do que já estava, devido as tensões que circundavam o Império Romano em crescente decadência. Decretou a perseguição mais severa registrada na História do Cristianismo, apontado como causador de todos os males. O parentesco com o soberano de nada serviu, pois o final foi trágico para todos.

Quando começou esta perseguição, verificamos pelos registros encontrados que o padre Gabino, não mediu esforços para consolar e amparar os cristãos escondidos. Enfrentou com serenidade o perigo, andando quilômetros e quilômetros a pé, indo de casa em casa, de templo em templo, animando e preparando, os fiéis para o terrível sacrifício que os aguardava. Montanhas, vales, rios, florestas, nada o impedia nesta caminhada para animar os aflitos. Foram várias as missas rezadas por ele em catacumbas ou cavernas secretas, onde ministrava a comunhão aos que seriam martirizados. Finalmente foi preso, junto com a filha, que também foi sacrificada.

Gabino foi torturado, julgado e como não renegou a fé, foi condenado à morte por decapitação. Antes da execução, o mantiveram preso numa minúscula cela sem luz, onde passou fome, sede e frio, durante seis meses, quando foi degolado em 19 de fevereiro de 296, em Roma.

Ele não foi um simples padre, mas sim, um marco da fé e um símbolo do cristianismo. No século V, sua antiga casa, que havia sido uma igreja secreta, tornou-se uma grande basílica. Em 738, o seu culto foi confirmado durante a cerimônia de traslado das relíquias de São Gabino, para a cripta do altar principal desta basílica, onde repousam ao lado das de sua santa filha.

No século XV, a basílica foi inteiramente reformada pelo grande artista e arquiteto Bernini, sendo considerada atualmente uma das mais belas existentes na cidade do Vaticano. A sua festa litúrgica ocorre no dia de sua morte.

Fonte: site da Diocese de Piracicaba.



quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A vingança da Rosinha

 A vovó Rosinha levantou-se bem cedo na quarta-feira e sentindo o gosto do mau hálito horrível, botou a língua enorme para fora, caminhando assim até o banheiro onde a olhou no espelho.

A bocarra da Rosinha estava já sem os dentes e o tamanho avantajado da língua fizeram seus pais imaginarem, logo que ela nasceu, ser aquele neném esquisitinho, um tanto quanto que diferente das outras crianças.

Ao se olhar no espelho Rosinha viu os cabelos cinza desgrenhados e escassos que lhe adornavam o rosto inchado. A medicação psiquiátrica receitada pelo doutor Silly Kone fazia-a dormir bem, no entanto a ressaca na manhã seguinte era desagradabilíssima.

A mulher percebeu que seu ventre, avolumado, não permitia que ela visse os próprios pés, cujas unhas estavam deterioradas. As micoses corroeram as dos dedões deixando um aspecto horrível.

Os braços manchados, com as marcas dos embates dos tijolos, pedras, areia, saibro e cimento, por ela usados nas reformas das casas, de sua propriedade, exibiam feridas inflamadas, por vezes frequentadas pelas moscas, durante boa parte dos dias.

Quando a velhinha chegou à cozinha encontrou Gererê o marido a quem considerava um traste, mas indispensável.

- Já fiz o café, Rosinha. Ocê demorou pra acordar hoje. O que foi? Errou na dose do hipnótico? – indagou ele mordendo um pedaço de pão com mortadela.

- Nada disso. Demorei pra pegar no sono. Estava pensando naquele inquilino que não paga o aluguel faz 7 meses. – o mau humor da mulher era perceptível no seu tom de voz agressivo.

- Hoje nós vamos até lá e a gente bota todo mundo pra correr. Ocê vai ver só. – Gererê era um homem decidido, famoso por resolver suas questões com bate-bocas homéricos, que humilhavam os oponentes diante dos vizinhos.

- Não vou hoje, não. Logo cedo tenho que ir na comadre Diva. Foi ela que me vendeu aquele terreno que não vale nada. Quero trocar, negociar outra coisa. – respondeu a vovó sentando-se para o café matinal.

Gererê que terminara a refeição sacou do maço um cigarro, tirou dele o filtro e o acendeu. Assoprando a fumaça por cima da cabeça da mulher e coçando o saco, quis saber se ela demoraria na visita à comadre Diva.

- Não vou demorar. É só o tempo de rasgar aquele contrato. Dizem que o loteamento não está certo. Que o Jarbas e também o Zé Lagartto estão envolvidos numa fraude com terras – respondeu Rosinha sorvendo o seu café sem açúcar.

Gererê levantou-se, puxou a calça que se entranhara no vão dos glúteos e saiu arrastando as havaianas rumo ao banheiro.

- Vê se fecha a porta! – gritou a velhota antes de ouvir os ruídos da depuração.

Num segundo Rosinha pareceu sair do ar. Seu olhar desconectou-se dos objetos que a rodeavam e, com a xícara parada defronte os lábios, cotovelo fincado na mesa, ela viu-se no dia do casamento.

Os preparativos para a festa foram emocionantes, inesquecíveis. A maioria dos parentes mais próximos, os vizinhos e até os filhos – sim os filhos, pois quando Rosinha se casou, já tinha três filhos – todos se uniram para promover a maior e melhor festa de casamento que a Vila Dependência, de Tupinambicas das Linhas jamais vira. Foi a glória! Teve até rojão e bombinha.

Como se fosse um autômato Rosinha levou a xícara à boca e sorveu um gole de café. Mas quase engasgou quando se recordou que durante a cerimônia, ao tomar o vinho, oferecido pelo sacerdote, perdeu a ponte caída dentro do cálice.

Sem se sentir muito constrangida, a noiva botou a mão dentro do recipiente tirou de lá a prótese e a encaixou entre os caninos.

Quando terminava o seu café Rosinha pôde ouvir lá do quarto o grito de Murino, o filho babá, que pedia pra ser atendido.

De dentro do banheiro Gererê esgoelou:

- Quando vai ser a próxima consulta, dessa coisa, com o Silly Kone?

Naquele momento Rosainha não quis nem saber. Vestindo rapidamente uma saia verde, os chinelos havaianas amarelos e uma blusa cor de rosa, ela saiu para caminhar pelas ruas de Tupinambicas das Linhas. Naquela manhã ela não tinha hora pra voltar. De tão ressentida ela seria capaz de encher a casa do vizinho com uma tonelada de tinta spray.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Piracicaba Fede

A mesma safadeza que compõe o contabilista cachaceiro, sua concubina bancária neurótica e a filha, candidata à meliante de periferia, forma também o miserável que simula doença, pra receber esmola numa esquina qualquer, e os ladrões que desviam dinheiro público em Brasília.

A sacanagem só muda de pessoa. É como se ela incorporasse em sujeitos predispostos a agir assim. Essa disposição pode ser até genética. A semelhança entre o contabilista bêbado, sua concubina bancária neurótica e a filha, candidata à meliante de periferia, com os malandros de Brasília está na quadrilha que os assessora.

Os malandros do Distrito Federal, agora presos, têm auxílio de pessoas que deles receberam favores como empregos, facilidade em licitações, e muitas outras benesses ainda ocultas.

O tal contabilista bêbado, sua concubina bancária neurótica e a filha candidata à meliante de periferia, são assistidos por grupelhos professantes de pseudo-religião, cujos membros fazem parte do secretariado dessa Prefeitura de Piracicaba.

Na verdade são assassinos carentes de qualquer escrúpulo diante da possibilidade de sacrificar suas vítimas.

Piracicaba está cheia disso. A cidade fede. Imperam a falsidade, as segundas intenções, a dissimulação e a hipocrisia.

Esse contabilista bêbado, sua concubina bancária neurótica e a filha candidata a meliante de periferia, são pessoas que têm muito dinheiro. Ou aparentam ter. Eles corrompem consciências com a maior facilidade. Lastreados nessas crenças espiritistas arregimentam almas ingênuas que se deixam enganar pela prosápia fazendo o que eles sugerem.

A corrupção de funcionários está no rol formador da caixa de malignidade dessa gente perversa. Há quem se venda por churrascos, cervejas, CDs; mas também existem os que se deixam levar pela lengalenga difamante.

Pessoas assim envergonham a cidade, o partido político, os sindicatos de classe, a prefeitura e os políticos que os protegem.

São ladrões de herança, matadores de alma e como tal, responderão pelos crimes que cometeram.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Afeto de Consultório

Os retardados mentais tentaram, por muito tempo e de todas as formas, inibir as mais lídimas manifestações do pensamento. Por fracassarem fragorosamente, agora se rendem, dando a mão à palmatória; aprendendo o comportamento usual no mundo civilizado, seguem com os arremedos.

Tenho dito, não é de hoje, que a mediocridade, a miséria espiritual, a pobreza moral e o caradurismo imperam em alguns trechos do universo de forma mais relevante, do que em outros lugares. Quando surge nova forma de fazer as coisas, as múmias revoltadas tentam sufocar aquilo tudo que lhes revela a posição estúpida que ocupam.

É assim mesmo. Em terra de cego, quem tem um olho é rei. As nulidades, os zeros, os dependentes, os cabeças de burro, e as múmias podres de certas regiões do planeta se juntam todas e quando não conseguem esvaziar os cofres onde são guardados os dinheiros públicos, iniciam campanha visando detonar o divergente.

A imprensa de Piracicaba costumava massacrar antes do advento da Internet. Usava e abusava da posse de maquinário, da produção industrial de aleivosias, sendo responsável por essa degeneração política que ai está, entranhada nos ubres públicos há dezenas de anos.

Se não houvesse alguém para apontar o caminho, não tenham a menor dúvida, nós ainda estaríamos no tempo da máquina de escrever. Seria interessantíssimo para a classe política caipira a ausência da ventilação dos assuntos que circulam pelos tribunais.

Corrupção? Ambulâncias? Condenações pelos Tribunais de Contas do Estado? Quem publica isso? Qual jornal tem o poder de contrariar a opinião que interessa a essas pessoas assentadas nas poltronas públicas?

Então quando aparece um blog ou vários blogs mostrando as feridas, os podres, o mau cheiro, e a podridão que ensandece uma cidade inteira, logo surgem os insanos tentando sufocar pela mentira, pela idiotice, pelos boatos, pela intriga e até mesmo pela violência física, a manifestação legítima de um cidadão comum, que não se rendeu à infâmia.

Com o surgimento da internet o fuá que a imprensa venal fazia acabou. As injustiças são agora mostradas. A verdade surge, sem depender da boa vontade desse ou daquele grupo ou os cambau que o valha.

O conceito de louco mudou faz tempo. Louco é aquele bêbado que numa esquina, joga tijolos contra o pacato cidadão. Louco é o contabilista adoentado, surdo feito uma porta, que ao lado da sua concubina bancária e da filha candidata à meliante da periferia, agridem com tapas e socos a pessoa que socorre os pobres da comunidade.

Louco é o prefeito que se mete com ambulâncias, fazendo sua cidade aparecer vergonhosamente na grande imprensa nacional e até internacional. Chega de cometer crimes e jogar a culpa em quem não tem nada com isso.

É chegada a hora de cessarem as manipulações torpes com as quais se busca lançar vizinhos contra vizinhos.

Quem precisa de tratamento psiquiátrico não está aqui não, amigo. Se quiserem alguém para bode expiatório procurem onde pode haver. Aqui não. Quem sabe na Prefeitura ou na Câmara Municipal encontrem quem precise de tanto afeto de consultório.



A dona do boteco vomita no banheiro, depois de uma noite de porre no bar que era dos seus avós.

O Uso Terapêutico do Nabo

A compulsão é uma coisa horrível que torna seu portador um verdadeiro escravo. O falar seguidamente, o olhar para o espelho, o beber, o usar determinada cor no vestuário são tipos de obsessões perturbadoras.

É muito difícil o sujeito acometido por essas idéias fixas, se livrar do sofrimento. Às vezes nem incômodo isso é para ele.

O voyeurismo é considerado patologia consistente na obtenção do prazer sexual pela observação dissimulada de cenas íntimas. Por exemplo: o olhar reiteradas vezes, pelo buraco da fechadura do quarto, a própria irmã trocando de roupa, indica ter o tal sujeito as características que definem a patologia.

Se o camarada é daqueles que sobe até no muro do quintal para “buraquear” a filha do vizinho tomando banho, reforça-se a noção de ter ele o tal desvio de personalidade, que o identifica com os traços dos portadores da afecção.

O falar de forma incontrolada palavras sem sentido, repetindo-as da mesma forma que numa tipografia, a máquina impressora repete a idêntica impressão, demonstra o desequilíbrio emocional desconfortável que pode ser tratado por especialistas.

Esses transtornos, ideações fixas, assemelham-se aos pântanos, águas paradas que, apodrecidas, fermentam impregnando os circundantes. Parentes próximos, nas habitações superlotadas, são os primeiros a contaminarem-se com esse tipo de doença.

Assim como existem os sofrimentos, do mesmo jeito há também as formas de curá-los. Existiria uma corrente fitoterápica que lecionaria ser o nabo um recurso redutor importante do padecimento dos faladores compulsivos.

Empregado na forma de supositório o nabo teria a propriedade de induzir o conforto que o padecente não dispõe. A agitação psicomotora e até mesmo as afecções dermatológicas seriam curadas com o uso contínuo da brassicássea.

O nabo é um vegetal muito conhecido, popular e eficiente devendo ser bem lavado antes da utilização. É preciso observar se não há excesso de herbicidas ou qualquer outro produto químico utilizado durante o plantio. Isso pode se constatar pelo odor que emana do produto.

Se o vegetal estiver muito desenvolvido, ou seja, se estiver com acúmulo de água aparentando inchaço, haverá de ter o paciente, algum cuidado no modo de usá-lo. Os nabos mais antigos carecem de fervura preliminar.

As folhas e demais penduricalhos aderidos ao vegetal devem ser afastados. Os parasitas que acercariam a planta não teriam outra função do que a de minar os substratos componentes da estrutura.

As experiências comprovariam serem as fixações desconfortáveis reduzidas a níveis de equilíbrio semelhante aos observados nas pessoas normais.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Violência sexual contra crianças

À semelhança de uma doença covarde e sorrateira, que aos poucos vai dominando um organismo, o marginal que agride e abusa sexualmente de crianças progride na malignidade.

Chega o momento em que nem mesmo a luz do dia consegue impedir os atos ofensivos. A integridade física, moral e sexual do menor vulnerável são destroçadas com tamanha crueldade que atemoriza os demais circundantes.

A pessoa criança, desaparelhada dos meios necessários para se defender, humilha-se se sujeitando à lascívia do mau caráter, pois é só assim que a loucura agressiva concede a trégua.

Passam as horas, um ou dois dias e as torturas novamente se iniciam. A opressão contra alguém mais fraco parece ser a válvula de escape do neurótico louco, que não tendo como se livrar dos demônios que o subjugam, desconta na alma infantil o seu sofrimento.

Como podem as autoridades responsáveis livrar o pequeno ser, em formação, das violências domésticas diárias? E o que é pior: quando há o consentimento da mãe da vítima, que legitimidade teria o poder público para intervir?

A pensão alimentícia destinada ao sustento de filho adulterino, quando proporciona tempo ocioso ao padrasto opressor, por compaixão poderia suprimir-se. E logo.

É a ociosidade improdutiva, geradora das tensões desalagadas com a violação sexual do menor indefeso, num certo momento, já conformado com esse modo de existir, a verdadeira mãe dessa injustiça terrível.

De que valeriam as denúncias contra esses crimes evidentes, se nas apurações a simulação encontra reforço na aceitação da mãe negligente?

O adulto criminoso que se vale da fragilidade do menor domina-o para a destruição. Não pode haver querença onde o bem estar do opressor depende da sujeição humilhante diária do subordinado.

Numa relação dessas não há o equilíbrio. Não há sanidade. Como é que se resolve um problema desses?




quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Desabando forro abaixo

Depois que se recuperou do susto levado quando Jarbas, Tendes Trame, Zé Lagartto, Fuinho Bigodudo e outros, completamente bêbados, caíram num buraco com o seu Jipe 4 x 4, Van Grogue voltou para casa.

No dia seguinte, sentado no sofá, vendo o telejornal da tarde, ele ainda pensava no assunto quando sentiu sede. Imaginou abrir uma cerveja, mas o nhenhenhém da esposa Malu K. Grogue, não o deixava em paz.

Ela insistia em saber tudo sobre o acontecido. Desejava conhecer os detalhes, as minúcias, pois considerava haver má intenção daquelas pessoas que teriam promovido a ocorrência.

Foi tanta a falação que Van de Oliveira, sem desejar discutir com a mulher, inventou ter encontrado um defeito no telhado. Dizendo a ela que precisava subir para fazer reparos, pegou com carinho, a sua velha e querida caixa de ferramentas, guardando nela, de forma sub-reptícia, algumas garrafas de cerveja.

Van encostou a escada no beiral do telhado iniciando a subida. Malu K. Grogue ficou embaixo olhando para cima.

- Aproveita que você está ai embaixo e avisa o Zé K. Della que já mandei limpar o caminhão baú que estava lá na oficina. Tem um estofado lá dentro, se ele quiser aproveitar de novo, diga que está às ordens. – falou Van enquanto ascendia.

- Você acha que termina esse conserto ai em cima ainda hoje? – quis saber Malu.

- Acho que sim. Aproveita pra ligar para o homem da bigorna e daqueles macacos sagüis. Diz que o bidê não ficou bom. Ele tem que refazer o serviço. Ah, avisa o Zé K. Della que o gorducho bigodudo e o mocinho alegre, da Companhia de Luz desejam falar com ele.

Dizendo isso Grogue subiu ao telhado, armou sua cadeira de praia e, pegando da caixa de ferramentas a cerveja que havia escondido, preparou-se para degustá-la.

Mal tomou o primeiro gole Van percebeu que na cobertura vizinha, alguém seguia seus passos, fazendo o mesmo que ele fazia. Grogue achava aquela figura muito invejosa imitando-o em tudo. Eles trocaram cumprimentos e se admiraram por terem a mesma ideia ao mesmo tempo.

Formou-se um silêncio semelhante a esses que ocorrem nas salas de aulas quando o mestre, conseguindo monopolizar a atenção dos alunos, mantém a classe toda como se estivesse hipnotizada.

De repente ouviu-se um barulho horrível. Van mal podia acreditar que outro vizinho, uma figura infantil e descontrolada, ao subir também sobre as telhas da casa, pisara em falso, desabando lá de cima sobre todos que estavam em baixo absortos.

A confusão foi geral. Um corre-corre instalou-se e a ocorrência foi registrada nos anais da história como o primeiro caso de molecagem, daquele tipo, ocorrida em Tupinambicas das Linhas, durante toda a sua existência.

Desde a fundação da cidade até aquele momento, ninguém conseguira atravessar o telhado e o forro de um imóvel, indo parar diretamente na sala. Isso era incrível.

Só em Tupinambicas das Linhas e com certos habitantes, coisas daquele tipo aconteciam.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Ufanismo Demente



Você relava os dedos nos dedos da irmã do seu colega, quando você e ela, sentados no sofá, ficavam a sós na sala?

Maldade você fazia para aquela mocinha quando, juntinhos na frente da TV, relava no braço dela o seu, dando a entender que desejava noivar?

Naquele tempo, em que ainda se usava eucalipto nas caldeiras das locomotivas, quando você pegava um jornal diário e lia os comentários ufanistas comparando-os com o que via no dia-a-dia, não achava que o sentar-se perto, tão perto assim, significava desejo de casamento perpétuo?

Se você fazia tudo isso e achava que não tentariam matá-lo, por causa dessas coisas todas, você é mesmo um burro bem retardado.

Quando você, menino ainda, trabalhava naquela oficina mecânica e via o gorducho bigodudo, fazendo felação no irmão daquela sua colega, na qual roçava os dedos, e não contava nada para ninguém, poderia imaginar que poderiam mandá-lo pra Pensão do Petrin, aquele inferno da Rua do Trabalho, 602?

E depois de tanto tempo, mais de quarenta anos, você ao ler esses jornais de hoje, comparando o ufanismo demente, com o que testemunha no dia-a-dia, consegue imaginar a inocência do senhor prefeito no caso das sanguessugas?

Pode você acreditar que o mazute maligno, arrancado do subsolo e queimado na superfície terrestre, produziria outras coisas além de poluir o ar e causar doenças respiratórias nas pessoas?

Você ainda passa e rela?

Tem cuidado da sua caixa d´água? Na sua vizinhança reside um cabeleireiro que nas horas de folga trabalha na Prefeitura? Por acaso haveria também, no entorno da sua casa um contabilista com cara de louco, surdo feito uma porta, que pra passar o tempo, enquanto cuida das crianças, faz fofoca de todo mundo?

E os tijolos voadores? Tem tomado cuidado com eles?



segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O Jipe do Van Grogue

Depois de ter o dente arrancado e sentir que as dores cessaram, Van Grogue pôde aceitar o convite especial, feito por Luisa Fernanda e Célio Justinho, que na chácara da família, ofereceriam um churrasco aos amigos.

Defronte ao espelho Grogue se preparava, vestindo-se com a melhor roupa que dispunha.

Era um sábado de manhã quando Luísa Fernanda, acordando bem cedo, notou aliviada, que não choveria. Ao olhar da janela para os limites da propriedade, a mulher percebeu, perto da churrasqueira, o vicejar duma toceira de mato alto.

Espreguiçando-se ela foi ao banheiro, tomou um banho demorado, escovou os dentes e já no quarto, vestiu-se com um short preto, uma camiseta branca e chinelos de tiras verdes.

A caminho da cozinha Luisa ouviu os acordes do hino do Corinthians que Célio Justinho tentava, mais uma vez, executar de orelhada, naquele teclado obsoleto, cujas teclas mostravam-se amareladas pelo tempo e higiene deficiente.

- Bom dia Célio. De novo com esse teclado? Você não acha que tortura muito os pássaros, as galinhas e os porcos dos viveiros, com essa mania? Veja que até as samambaias se ressentem. – ralhou a chateada Luisa ao sentar-se à mesa para o café da manhã.

- Nós mudamos para a chácara por causa dos vizinhos que não gostavam das minhas músicas. Tudo bem; estamos nesse fim de mundo onde nem calçamento a estrada possue. Quando passa um carro a poeira levantada, se condensada e comprimida, pode transformar-se num castelo, e nem aqui posso tocar o que eu quero. Ora, faça-me o favor! – retrucou irado o Justinho.

- Você sabe que hoje é sábado e daremos um churrasco pra todo o pessoal importante da cidade. Jarbas, Zé Lagartto, Fuinho Bigodudo, vovô Bim Latem, Virgulão, Zé Cílio, tia Ambrosina, Tendes Trame, e até o Charles Bronchon aparecerão por aqui. Sem falar nos contabilistas, químicos, dentistas, farmacêuticos, bancários, médicos, açougueiros, jipeiros e claro, Van de Oliveira Grogue que já confirmaram a presença. – informou, com firmeza, Luísa Fernanda.

- Eu não ficarei por aqui. Tomo os meus goles e saio logo que começar a quizumba. Eu não suporto esse Grogue. Todo mundo sabe. Não gosto dele. – reagiu Célio igual a uma criança contrariada que faz birra.

Sem responder à teimosia do Célio, Luísa batendo palmas, fez vir a mulher que servia na cozinha. A jovem se aproximou mostrando-se atenta às ordens e ouviu:

- Esmeralda, minha filha, faça o favor de mandar vir aqui o caseiro. – ordenou Luísa Fernanda sorvendo um gole de café açucarado.

- Sim senhora. – respondeu a moça retirando-se em seguida.

- Você não me decepcione, novamente! Espero mais educação da sua parte. Escutou bem seu Célio? Não quero mais demonstração de falta de educação com os vizinhos. Morou coisinha feia? – Luisa Fernanda demonstrava a autoridade que a mantinha, há uma vintena de anos, no cargo de gerente, do Banco Tupinambiquence Multinacional.

- Mandou me chamar madame? – indagou o caseiro que chegava, segurando nas mãos o chapéu de palha enorme, que lembrava os “sombreros” mexicanos.

- Ô Augusto, faça o favor de capinar aquelas toceiras que estão perto da churrasqueira. E vá acendendo o carvão. O pessoal começa a chegar logo e não quero ninguém insatisfeito nessa festa, entendeu?

- Sim senhora. Estamos aqui para servir. Com licença. – respondeu o solícito Augusto, saindo em seguida.

- Sempre fui educado com todo mundo. Aquele vizinho chato é que implicava quando eu tocava as sertanejas. – defendeu-se Célio.

- Ele não implicava com as músicas sertanejas. Ele implicava com o som alto e a repetição doentia que você fazia pra provocar. – arrematou Luisa mordendo um biscoito.

- Vá, vá, vá... Puta cara chato, meu! – Ele se queixava até do latido da cachorra. Mas pode uma coisa dessas? – indignou-se o Célio.

- Bom, eu não sei. Só sei que tudo isso já passou e não quero mais esse tipo de vexame. – finalizou Luisa.

Os cachorros, ao latirem, indicavam a presença das pessoas que chegavam.

Um a um os convidados de Luisa Fernanda e Célio Justinho surgiam a bordo dos automóveis importados e reluzentes. Van Grogue chegou de Jipe amarelo 4 x 4.

Todos beberam, comeram, conversaram, ouviram música, planejaram estratégias, trocaram juras de amizade e puseram muita fé no futuro.

Quase no final da reunião festiva o casal anfitrião, interrompendo a agitação e reunindo todo mundo, agradeceu a presença deles, não deixando de prometer auxílio aos que concorreriam ao preenchimento das vagas dos cargos eletivos, nas próximas eleições.

- Não é pra me gabar, mas vocês sabem que temos uma influência notável nesta cidade. Podem contar conosco. – completou Luisa Fernanda no fim da festa.

Antes de irem embora, os mais exaltados resolveram passear pela redondeza, com o Jipe do Van Grogue.

Jarbas, Tendes Trame, Zé Lagartto, Fuinho Bigodudo, Virgulão e Zé Cílio subiram no veículo e fazendo arruaça arrancaram perdendo-se na mata que revestia o terreno irregular.

- Eu sabia. Bem que me avisaram. Essa turma tem um quê comigo que nem o Freud teria facilidade pra explicar. – lamentou-se o Van Grogue quando soube que a cúpula diretiva da cidade havia perdido o seu Jipe num buraco profundo.


domingo, 7 de fevereiro de 2010

Vândalos Danificam Durante a Madrugada

Durante a madrugada do dia 6 para o 7 de fevereiro, vândalos aproveitando a calada da noite, derrubaram um arbusto ornamental, plantado defronte ao 181 da Rua Napoleão Laureano. Este trecho do quarteirão vem sofrendo turbulências há algum tempo.

O desassossego atinge os habitantes na forma de destruição na propriedade e lixo jogado defronte ou dentro das suas casas.

Alguns moradores consideram que essa falta de educação e incivilidade já tramitam pelo território da contravenção penal e do crime.
Da incivilidade para os danos materiais. Vândalos danificam a propriedade alheia durante a madrugada.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Boca Sem Dente

Quem gosta de novelas deve ter assistido Caminho das Indias, da Glória Perez, exibida pela Rede Globo, antes de Viver a Vida.

Se você não se lembra, no último capítulo o personagem Raj vivido por Rodrigo Lombardi, reconcilia-se com Maya, que era a personagem da Juliana Paes.

Depois de muitas idas e vindas, conflitos causados pelo ciúme, ódio, paixão e desejos de inserção dos intocáveis na sociedade, tudo termina muito bem com o casal protagonista vivendo felizes para sempre.

Ocorre que logo depois do reatamento entre Raj e Maya, ele teve de levá-la ao dentista. O doutor Hermínio era um profissional zeloso, conhecidíssimo e muito popular lá na India. Apesar de ter a fama de beberrão e tabagista, ele exercía muito bem o ofício que escolhera para ganhar a vida. Hermínio era auxiliado pelo estagiário conhecido como Leandro, que se encumbia da manutenção do instrumental.

Essa passagem não foi contada pela autora da novela, mas o pessoal do seu Blog mais querido pesquisou muito e depois de ter filmado a cena exibe-a a você amado leitor.


O profissional Hermínio, auxiliado pelo estagiário Leandro, demonstram uma ótima atuação profissional, no campo em que trabalham.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

PEDOFILIA

O assunto agora é pedofilia. Quando eu era criança um motorista de caminhão basculante da fabrica de botes dos Irmãos Adâmoli, num banheiro público, mostrou-me o pau fazendo-me convites lascivos. Eu não contei nada a ninguém.

Esse cidadão ainda é vivo e apesar de bem velho, reside à Rua São José esquina com a São João.

Numa outra ocasião, quando assistia a uma peça de teatro no Piracicabano, à Rua Boa Morte um velhote fedendo a urina, vestido com terno surrado, usando uma bengala, sentou-se ao meu lado e depois, quando as luzes se apagaram, pegou no meu cacete. Tive que sair de perto. Eu não contei nada a ninguém.

Num outro momento quando defecava no apartamento da minha tia, um primo entrou no recinto e abaixando o calção convidou-me a praticar sexo. Eu recusei. Logo em seguida o irmão desse maluquinho entrou também no banheiro trazendo a tia dele, acusando-me de ter estuprado o moleque.

Num jardim, de uma casa abandonada à Rua Ipiranga, um garoto que brincava sempre conosco se aproximou trazendo consigo seu irmão menor. O grandão dizia que o guri queria fazer sexo comigo.

Quando entramos no meio da vegetação o menino saiu gritando como se tivesse sido estruprado. Talvez tivesse sido mesmo, mas não por mim. A intenção do mais velho era fazer sua mãe acreditar que o causador dos ferimentos no ânus do moleque era eu.

Waldemar Iglésias Fernandes, festejado escritor e folclorista de Piracicaba também gostava de meninos. Quando ele residia à Rua 13 de Maio, 1.228, naqueles idos de 69, levava menores ao sobrado e, oferecendo-lhes vinho convidava-os a possuí-lo sexualmente.

Fernandes foi funcionário, por um bom tempo, do Clube Cristóvão Colombo. Ele exercia suas funções na biblioteca da entidade, quando a sede situava-se à Rua Governador Pedro de Toledo, esquina com a Prudente de Morais.

O médico psiquiatra Eugênio Chipkevitch foi condenado a 114 anos de prisão por ter abusado sexualmente dos adolescentes que o procuravam. A consulta do médico era uma das mais caras de São Paulo. O psiquiatra sedava os meninos com tranquilizantes, quando então praticava os atos lascivos.

Chipkvitch filmava os crimes que cometia. Uma coleção enorme de fitas, gravadas por ele, foram encontradas numa caçamba de lixo numa rua em S. Paulo. O médico justificava seu comportamento dizendo que era comum entre os gregos antigos.

Ele ainda está preso.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

O Retardado Mental que Cuida das Crianças

Veja a que ponto pode chegar o indivíduo que busca o poder e deseja, por meio das crendices das pessoas, a obtenção do respeito dos que estão ao lado.

O sujeito é daqueles que tenta controlar o ambiente usando o medo. Ele oprime os que ainda não conseguem entender muita coisa da vida. Funciona mais ou menos assim: um retardado mental, desocupado, geralmente incumbido de cuidar das crianças da casa, para manter todo mundo quieto, diz: “a polícia pode chegar e fazer muito mal a elas”.

O mecanismo é o mesmo mas tem variações como por exemplo: “Olha, fica quieto, me obedeçam, se não aquale vizinho louco vai acabar com nós”.

Esse tipo de discurso é usado nas “igrejas” de garagem das cidades interioranas e os elementos componentes das falas opressivas são bastante variáveis. São usadas figuras bíblicas também.

Quando você testemunha a permanência de gente analfabeta, ocupando cargos eletivos importantes, durante uma vintena de anos, pode ter a certeza, de que é obra desse tipo de atitude.

Como é que pode um sujeito, que mal sabe assinar o próprio nome, produzir leis que conduzirão os destinos de uma cidade inteira, de milhares de pessoas?

Enquanto isso o “otário” que pagou a faculdade por quatro ou cinco anos para aprender mal e porcamente as noções básicas das estruturas formadoras dessas coisas todas, não consegue ser nomeado para o cargo público, depois de ter sido aprovado nos concursos.

Esse tipo de injustiça condena os detentores do poder. Mostra a insensibilidade, e a insensatez que podem enlouquecer uma cidade inteira.



O retardado mental tenta controlar as crianças falando sobre espíritos, polícia e vizinho contador bêbado que lhes pode jogar tijolos.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Os Rabos Coloridos dos Bicudos Emplumados

Nesses tempos de bicudos emplumados que assentam seus rabos coloridos nos poleiros aristocráticos, há décadas, o comércio de Piracicaba está bem devagar. Quase parando. A não ser pelo funileiro louco que enche, todos os dias, a casa do vizinho com a tinta de pintar automóveis, tudo o mais navega no maior marasmo.

As relações comerciais são muito tênues, frágeis, tímidas, desconfiadas, diríamos até que sujeitas às influências etéreas, supranormais. Um passeio pela Rua Governador Pedro de Toledo no dia 02 de Fevereiro, por volta do meio-dia, dá uma idéia da atual situação. Veja o vídeo gravado no local desditoso.

Quem, na sã consciência, consegue ainda crer nas vâs promessas do PSDB? Eu não!


Da cloaca dos bicudos empenados, que há dezenas de anos se assentam nos poleiros aristocráticos do lugarejo caipira, não pode sair outra coisa que não seja engodo.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Passeando pela ponte pênsil

No dia 31 de Janeiro de 2010, Domingo, o rio Piracicaba estava bem cheio. Na ponte de madeira que liga a avenida Beira Rio ao Engenho Central, as pessoas se aglomeravam para ver alguns malucos que se arriscavam aproveitando a corrente para descer de bóia.

A ponte pênsil é uma construção recente, (1992), tem 77 metros de cumprimento e foi erigida justamente onde havia, no século 19, uma similar. É um ponto turístico de Piracicaba.

Veja no vídeo abaixo um momento em que as pessoas observavam a cheia do rio. Observe que não há botes. Quando há muita turbulência eles são retirados.



Durante as cheias os botes não podem ficar nas águas