quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

É restituindo que se ganha

O governador do distrito federal José Roberto Arruda dentre outros políticos brasileiros, foi filmado recebendo dinheiro desviado da administração pública. As cenas do desaforo foram divulgadas para o Brasil e o mundo todo. Como é praxe, nas democracias, o indigitado tem amplo espaço e tempo para se defender.


Até agora, no entanto, esse homem que aparece recebendo um fardo de reais, não conseguiu justificar a insolência. Ameaçado de expulsão do DEM o partido que o agasalhava, ele se desfiliou antes, preparando-se para uma nova aventura política em 2014.

Os pedidos de impeachment do flagrado, elaborados por seus adversários, dirigidos à assembléia legislativa do distrito federal teriam, em tese, poucas chances de prosperar em virtude de ser a atual gestão composta por seus correligionários favorecidos.

Das 11 proposituras de destituição oito já foram arquivadas, tendo o astuto político afirmado que deseja chegar ao fim do mandato. Quando nega a veracidade dos fatos filmados, o recebedor garante também que a sociedade brasileira não viu nada daquilo que foi exibido, e que as cenas não passariam de montagens feitas por opositores.

A Polícia Federal, no entanto, demonstra que as imagens são diretas e não passaram por cortes ou montagens. Tomado de muito bom senso e com aquele espírito de que “quem não deve não teme” o senhor José Roberto Arruda poderia renunciar ao cargo de governador e devolver o dinheiro, provando com isso as injustiças que cometem contra ele.

Só a devolução daquele pacote juntamente com um pedido de desculpa seria o suficiente, para quem sabe, provar a boa fé do grande e honorável José Roberto Arruda. Ninguém falou nada sobre outros embrulhos supostamente agarrados durante todos esses anos de vida política.

Veja como pode ser ilibada a conduta do filmado recebendo a hipotética propina: ele se propõe, inclusive a mudar algumas regras, usos e costumes relacionados ao exercício da política. Mas não é impressionante?

E olha que o renunciante atribuiu todas aquelas motivações, que levaram à feitura das películas, aos interesses contrariados, das pessoas que teriam sido demitidas durante o seu governo.

Pelo raciocínio do acusado não existe o dinheiro que ele também não teria recebido. Sem tecer qualquer consideração de que a verba pública enrustida, em última instância, se destinaria aos benefícios da população pobre e, que o mexer nos valores dos carentes dá um azar do inferno, conviria crer que a restituição equivaleria a ganhar na mega-sena.









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