domingo, 2 de agosto de 2009

Um crime que o Brasil não esquece



Passamos por tempos tensos, bastantes difíceis mesmo. Creio que isso não tenha sido novidade também para as pessoas das outras eras, de outras épocas e lugares. Porém tanto nos dias atuais, como nos dias passados, existem e existiram diversas formas de aliviar-se das angústias.

Alguns preferem os bares, onde na companhia dos amigos livram-se das “neuras” e maus humores. Outros preferem passar horas divagando sobre tolices sem a preocupação com o futuro ou atividade responsável.

Muitos se utilizam das drogas, para em bacanais, descontarem e abusarem das crianças indefesas, mas que podem suportar a agressividade louca dos insanos impunes.

Por falar em violência contra crianças indefesas veio-me à memória um caso muito conhecido no Brasil, ocorrido em Vitória, no Espírito Santo em meados da década de 70.

Trata-se do crime contra Araceli Cabrera Crespo, de 8 anos, que desapareceu numa sexta-feira, 18 de maio de 1973, quando regressava do Colégio São Pedro, para a sua residência, em Vitória.
Ela trajava vestido azul com blusa de manga, tendo as iniciais SP grafadas em vermelho. Seu pai, o eletricista Gabriel Sanches Crespo, pensando tratar-se de seqüestro, distribuiu várias fotografias da filha aos jornais, contando o caso.

No dia 24 de maio o corpo de Araceli, nu e desfigurado com ácido, foi encontrado, por um menino que empinava pipa, em um terreno baldio, junto ao Hospital Infantil de Vitória.

Segundo os jornais da época os suspeitos do crime eram Paulo Helai e Dante de Brito Michelini, jovens membros da alta sociedade capixaba, conhecidos por promoverem festas nos seus apartamentos e na Praia do Canto, num local conhecido como Jardim dos Anjos, onde violentavam as meninas.

Paulo e Dantinho lideravam um grupo de viciados que costumava percorrer os colégios da cidade em busca de novas vítimas.

Depois que o sargento José Homero Dias, quando estava prestes a esclarecer tudo, foi morto com tiros nas costas, o caso ficou por algum tempo esquecido. Mas Clério Falcão, na época vereador que se elegera com a promessa de levar o caso Araceli até o fim, conseguiu a instalação de uma CPI na Assembléia Capixaba.

A comissão concluiu ter havido omissão da polícia local, interessada em manter distantes, das suas investigações, os reais assassinos que eram figuras de prestígio. O crime repercutiu em todo Brasil, exigindo a apuração e a punição dos culpados.

Ao contrário do que se esperava, a família da menina silenciou diante do crime. A mãe de Araceli, a boliviana Lola Cabrera Sanches, viciada em cocaína, foi acusada de fornecer drogas para pessoas influentes da região, inclusive para os próprios assassinos.

A amante de Paulo Helal, Marisley Fernandes Muniz declarou em Juízo que Araceli foi dopada com doses de LSD e violentada em seguida, tendo o perito carioca Carlos Eboli constatado que a causa da morte foi a intoxicação exógena por barbitúricos, seguida de asfixia mecânica por compressão. O cadáver da menina apresentava deformidades no rosto causadas pelo ácido, tinha os bicos dos seios e partes da vagina arrancados por mordidas.

Apesar da cobertura da mídia e do empenho de alguns jornalistas, o caso ficou impune. Araceli só foi sepultada três anos depois. Sua morte, ainda causa indignação e revolta. Por trás do assassinato de Araceli se esconde uma vasta rede de traficantes e consumidores de cocaína, que já agiam na rota Brasil - Bolívia desde 1968.

A mãe de Araceli, Lola participava do tráfico como transportadora da droga, e posteriormente como "contato" em Vitória, no Espírito Santo.

Sete anos depois do assassinato de Araceli, Paulo Constanteen Helal e Dante Brito Michelini foram condenados o primeiro a 18 e, o segundo a 5 anos de reclusão.
Entretanto os empresários recorreram e em 1991 foram considerados inocentes. Lola desapareceu de Vitória no princípio da década de oitenta.

O Dia Nacional Contra o Abuso e a Exploração Sexual Infanto-juvenil foi criado em 18 de maio de 1998 para manter viva a memória nacional, reafirmando a responsabilidade da sociedade em garantir os direitos de todas as crianças brasileiras. O lema do movimento é “Esquecer é permitir. Lembrar é combater”.


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