Os escândalos no meio político do Brasil são tantos, provocam o maior bebuliço, mas, no entanto a impunidade vem logo em seguida, para fechar com aquelas suas chaves de ouro os estardalhaços, fazendo tudo voltar à calmaria novamente.
E o dinheiro público surripiado, o meu leitor sabe para onde vai, como é utilizado?
É claro que uma autoridade pública envolvida nesses escândalos nunca está só. Uma governadora de estado, por exemplo, dispõe de uma miríade de cúmplices com os quais deve repartir o produto dos crimes.
Os milhões e milhões de reais, além de acrescentarem mais e mais bens móveis e imóveis, ao rol das propriedades do corrupto, servirão também para o fortalecimento do grupamento que abriga o corruptor.
Sedes, mobiliário, veículos, serão adquiridos e pagos com o fruto dos esquemas minuciosos de burla elaborados contra o eleitor.
Campanhas publicitárias, veículos de comunicação social, produções artísticas, e doações a entidades filantrópicas serão receptáculos dos prêmios conseguidos com a audácia, a cara de pau e o maior cinismo.
Rádios, TVs, jornais, revistas, autores teatrais, e todos aqueles que possam contribuir com a limpeza da imagem pública do político flagrado roubando, serão arregimentados e remunerados com o dinheiro maldito.
Enquanto isso acontece, nos centros, nos palácios governamentais, sedes de governos estaduais, prefeituras municipais, a periferia indigente convulsiona-se com a escassez humilhante conducente ao comportamento antissocial.
Isso não é novo na história de humanidade. Na Rússia, no tempo dos czares a situação era assemelhada. Enquanto os mais espertos usufruíam os privilégios conseguidos com a injustiça, a população penava com a carência.
Não adiantou a revolução feita, os crimes todos cometidos e as vantagens alcançadas. Depois de 70 anos de um regime bem comunista, tudo voltou a ser do jeito que era antes.
Escândalos como os cometidos no Ministério da Saúde do governo federal, naquele tempo do professor Fernando Henrique Cardoso, não conseguem ter os responsáveis punidos.
Não poderia haver dúvidas de que a seiva nutridora da instituição, desviada para galhos mais receptivos, serviria também para serenar as poderosas forças antibióticas coercitivas.
A injustiça criminosa é notável, observável, destaca-se no cenário político nacional, mas não pode ser coibida. E é claro que essa tolerância com o delito estimula comportamentos criminosos parecidos.
Os crimes cometidos por traficantes nos morros cariocas equiparam-se às violações dos políticos bacanas, no momento em que ferem as normas jurídicas instituídas.
Os bandidos das favelas e os políticos corruptos estão em lugares diferentes, têm seus cotidianos diversos, mas possuem algo semelhante entre si: violentam as regras, transgridem as convenções, saqueando a moral e os bons costumes.
Não que o tráfico não deva ser reprimido, longe disso. Mas a corda poderia começar a arrebentar no lado que não fosse tão fraco assim.
Fernando Zocca.
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