terça-feira, 6 de outubro de 2009

Falando sobre a datilografia


É, veja bem: como poderia um escritor escrever sem nem ao menos saber de que jeito se colocava o papel na máquina, fixando-o antes de iniciar a datilografia? Sim porque também nas redações dos jornais, daqueles tempos de antanho, se o sujeito não soubesse escrever à máquina, não estaria habilitado a produzir de forma correta.


Era imprescindível, para quem quisesse manifestar o seu pensamento, suas emoções e vivências, o saber datilografar. Se não soubesse, neném, fim de papo.


É notório que só o conhecer datilografia não habilitava o sujeito a produzir qualquer tipo de texto digerível. Mas a escrita à maquina foi importantíssimo. Era necessário aprender de qualquer forma.


Em Piracicaba, naqueles tempos em que havia, nas proximidades do mercado municipal o Bazar do Baiano, existiam algumas escolas de datilografia. Eu particularmente tive a felicidade de freqüentar, inicialmente, uma que ficava ali na Rua Benjamim Constant, quase defronte ao Cine Colonial.


Não cheguei a terminar o curso, mas a experiência valeu-me para iniciar a prática há muito desejada por mim.


Bom, como tudo de bom, naqueles terríveis anos de 1973, 1974 e 1975 a datilografia foi deixada pra trás, por conta dos danos causados pelo canhoneio da guerrilha louca, suja e covarde.


Depois de uma temporada no estaleiro e recuperadas as energias, tive a oportunidade de freqüentar, e concluir, o curso numa escola de Campinas. É claro que tudo era financiado por minha tia Maria.


A instituição que freqüentei cuidava também do pessoal que morava nas ruas e que se dedicava a coletar material reciclado. Era uma entidade espírita.


Bom, sei que a prática exercida ali me valeu a destreza no teclado e quando já advogava, anos mais tarde, percebia que a agilidade no manuseio da bendita maquina de escrever, suscitava comentários elogiosos de alguns colegas na sala da OAB.


Eu seria uma besta bem pior do que sou se não reconhecesse, publicamente, os benefícios obtidos ao freqüentar aquele educandário. A verdade seja dita.

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