Se o leitor acha que trabalhar é única e exclusivamente levantar-se pela manhã, e logo em seguida sair para cumprir suas obrigações no banco ou no meio da papelada do escritoriozinho de contabilidade, está muito enganado.
Existem outras formas de trabalho além dessas. E a nossa capacidade limitada para compreender isso, nos autorizaria a dizer que todas as pessoas, que não fazem essas coisas, seriam vagabundas.
É essa ignorância, esse estreitamento de consciência, a responsável também pela disseminação de boatos e maledicências sobre as pessoas de quem não gostamos nos bares, cartórios, bancos, igrejas, sindicatos e no próprio bairro.
Não é porque temos o dinheiro sobrando que abusaremos da vizinhança, maltratando-a com os latidos irrefreáveis e diuturnos do Poodle neurótico.
Não é porque temos a posse de alguma fortuna que podemos invadir a privacidade alheia, atormentando os do entorno, com as repetições obsessivas das músicas queridas.
Afinal, não sabemos, nem imaginamos saber, se as pessoas que de nós se acercam, o fazem por gostarem de nós ou do nosso dinheiro.
Quando covardemente espancamos alguém não pensamos nas consequencias. Sabemos que temos ao nosso lado a concubina e a filha, que nos reforçam, mas nos esquecemos que a violência física, apesar do nosso dinheiro todo, pode nos comprometer.
E acreditem, não é corrompendo as pessoas que vivem ao lado da vítima que nos livraremos da culpa. De nada adianta subornar os amigos daquele que sofre por causa da tirania do contabilista meliante.
Se o vadio não se entender diretamente com a pessoa a quem causou tanto mal, de pouca valia será presentear os conhecidos do ofendido.
A timidez precisaria dar lugar à coragem de se aproximar e desculpar-se. Aliás, coragem não é atributo do sujeito que só age ou se solta em grupo.
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