Os caras te aporrinham desde a infância, te embaraçam o caminho durante a adolescência inteira, te mandam pro sanatório por duas vezes, tentam por anos seguidos te induzir ao crime ou suicídio e quando se vêem frustrados, pedem pra esquecer, que tudo já passou, assim, numa boa.
É que a pimenta no reto do outro não me dói. Não é verdade? Permita-me dizer: isso não é religião, meu amigo, isso é satanismo puro. No mínimo covardia das grandes. Na verdade não passa de ignorância, grosseria; descontar no filho do sujeito que te prejudicou, indica a incapacidade, a impotência de se ver com ele.
Então, como não podemos ferrar o cara que nos prejudicou numa questão de herança, lesamos um filho dele, que não tem nada a ver com o nó. Isso é vergonhoso, no mínimo.
A situação se assemelha àquela em que o Iscariotes, vendo o crucificado entregar o espírito, se arrepende dizendo que “ele era justo”.
Essa insensatez assemelhar-se-ia também ao bando de feras, que numa savana, perseguindo a caça, mas não conseguindo atingir os animais adultos, ataca destruindo o filhote. Ora façam-nos o favor.
Por trás dessa mão de ferro violenta, esquisita e louca, vê-se uma ninhada de políticos corruptos, ávidos de continuar recebendo todos os bônus que lhes dão os cargos eletivos. Quem é que acredita nessas lengalengas depois de sofrer na pele todos os gravames da crueldade?
Quem seria o otário de botar fé nas promessas, nessas arquiteturas vis das quais se desconhece o final? A corda sempre arrebenta do lado mais fraco. A confiança não se impõe, adquire-se.
Quem acreditaria que um sujeito maltratado por quase meio século pode ainda reverenciar os seus algozes? Você passa uma vida inteira batendo, humilhando e excluindo alguém e depois, já no final, quer ainda que ele te respeite?
Isso pretendido seria atributo de um espírito Crístico que o vitimado pode não ter. Perdoar é para Deus; a gente só se arrependeria depois de feito. Mesmo assim de que serviria o arrependimento do homicida diante do luto da viúva?
Em todo caso nos sentimos agradecidos pelo reconhecimento dos equívocos e a cessação das imerecidas, cruéis, injustas e sanguinolentas chibatadas.
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