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quinta-feira, 30 de junho de 2011

COMEDEIRA





                          Nunca antes na história deste blog percebeu-se tanto os desejos de verem-no deletado.
                        As pobres almas sofredoras, que assim se manifestam, sabem que existem no mundo bilhões e bilhões de blogs; entretanto, por evidenciarem o nosso, algumas culpas indisfarçáveis, preferem-no vê-lo desaparecido, como se isso, remisse também os muitos pecados cometidos.
                        Com a publicidade você proporciona ao mundo a sua versão da história, que muita vez, não é essa que pregam por aí, aos cochichos, às ocultas, na calada e nas trevas da noite.
                        O cinismo dos ímpios é tanto que chega a atribuir à vítima de uma apropriação indébita, o cometimento de crimes ou de ser ela portadora de afecções espirituais.
                        Esse defeito moral, produtor de comportamentos lesivos, pode ter sua origem na infância, quando ainda se definia os padrões da sexualidade.
                        Situações mal resolvidas, que geraram sentimentos e sensações sedimentadoras de opiniões equivocadas, conduziram sem dúvida, à formação de personalidade mórbida, doentia, capaz de danar com o patrimônio alheio.
                        Então, quando há, por exemplo, a prática de uma apropriação indébita, com a qual o réu objetiva pagar suas dívidas, ele certamente sabe que contrai outra maior ainda, e que a morte do espoliado, não o livrará das consequências funestas.
                        Uma atitude bem correta que se espera de quem ficou com o que não era seu é a de procurar o credor e firmar com ele um acordo, antes que os equívocos todos o mandem para a prisão, de onde não sairá até que pague o último centavo.

terça-feira, 9 de março de 2010

As contas do condomínio

Mara K. Utáia deixara vencer mais uma conta do condomínio sem que pudesse pagá-la. E essa negligência toda repercutia no bolso dos demais moradores do prédio. Os valores não recolhidos pela esquecida seriam acrescentados aos boletos dos vizinhos.

Por isso quando a mulher entrava, átrio adentro, desejando descansar os pés calejados e libertar os joanetes das contenções opressivas, daqueles seus sapatos velhos, percebia os olhares tortos do porteiro de plantão.

“Esse maluco é da turma do síndico safado. Fazem contas fantasiosas e procuram tomar o dinheiro de quem trabalha honestamente” – pensava K. Utáia ao transitar pelo hall gelado e sem vida, buscando a porta do elevador.

“Inventam despesas, inflacionam o consumo de água, de luz, de gás, os cambau. Querem mesmo prejudicar. E depois ainda dizem que não cumprimento ninguém, quando estou no prédio. Ò gente ruim da cabeça”. – ruminava Utáia esperando a chegada do elevador.

Um grupo de crianças se aproximou da mulher que, segurando com força a bolsa azul, mantida sob o sovaco do braço direito, demonstrou desprezo ao vê-las.

“Essa molecada sem educação. Não sei onde vai parar tudo isso. No meu tempo de menina, se falasse merda já levava o maior cacete. Agora não. Veja como são mal educados. Ô gentinha”. – Mara transpirava. Seu pulso denunciava problemas circulatórios que a incomodavam.

“E esse dente agora? `Mardito`! Justo agora que deu pra doer? Assim não tem quem agüente. E aquele morfético que não paga a pensão? O desgraçado atrasa de propósito, só pra chatear. Ô camarada ruim!”

As crianças ao se aproximarem da mulher e percebendo-lhe a carranca no semblante, silenciaram. Elas a conheciam e sabiam ser daquelas velhotas que gritavam ofendendo os pequenos.

- Se não recebo, como vou pagar? – murmurou K. Utáia, quando o elevador barulhento parou à sua frente.

Ao abrir a porta a velhinha notou que ele trazia pessoas que o tomaram no subsolo, na garagem do prédio.

- Olha, criança não vai, não. Vocês esperem que não cabe mais ninguém. – afirmou a senhora, dirigindo-se às crianças enquanto entrava.

“Sempre lotado. Se alguém peidar aqui dentro, com certeza, vão olhar feio pra minha cara. Mas veja como são mal encarados. Deus me livre!” – cogitava a mulher quando a porta fechou atrás de si.

Os solavancos do elevador serviam para demonstrar o mau estado de conservação.

- Misericórdia! – exclamou a baixinha ao notar a turbulência da ascensão.

- Está mal conservado. O condomínio não pode pagar por revisões mais freqüentes. Está sem dinheiro. – sentenciou um dos cavalheiros que também subiam.

“Eu sabia! Tinham que dar indiretas! Ô gente sem coração” – pensou a mulher apertando com mais força a bolsa debaixo do braço.

Ao chegar ao destino Mara K. Utáia percebeu que esquecera as chaves do apartamento no escritório. Ela se lembrava muito bem. Estavam na porta, penduradas do lado de fora.


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe

Por Fernando Zocca



Por quais caminhos você andava em maio de 1997? Parece que foi ontem mesmo, não é? E tudo pode estar assim tão vivo, na memória, que a recordação assemelhar-se-ia a um vídeo possível de ser revisto em qualquer ocasião.

Em maio de 1997 ocorreram momentos de muita covardia, traição, engodos, disseminação de boatos destruidores, mentiras forjadas que objetivavam segregar, hospitalizar e destruir pessoas em nome do dinheiro e da posição social.

Com muita cerveja, os matadores se reuniam ao redor da piscina, onde se tramava o destino dos pobres. A destruição era a meta. Havia a adesão de seitas, cujos fins eram os de exterminar, de envergonhar, de humilhar, em nome de não se sabe o que.

Políticos se envolveram prometendo o cumprimento da sentença de morte, em troca de mais uma temporada, com direito aos salários no final do mês.

Que vergonha! E dizem depois que essas associações têm escopo humanitário, fazem filantropia e promovem o crescimento dos seus adeptos.

Mas ninguém garante que não façam esses encantos todos sobre os cadáveres dos divergentes. Que falta de juízo! Quanta grosseria, ignorância, quanta impiedade!

Isso tudo leva a concluir que é verdadeira a assertiva de que a riqueza, de algumas pessoas, é feita com a destruição de outras, mais ingênuas. E que até o cobalto usariam no assassínio.

Os inocentes, crentes nas noções das tais seitas, são os primeiros, a serem danados, destruídos. A lengalenga os prepara para o desapossamento dos bens, da saúde, das amizades e da própria vida.

Mas há um tempo para tudo. Não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe. Como diria o nosso amigo Van Grogue: “A gente esperamos receber a bufunfa que nos pertence”. Até o químico bêbado, mais surdo, compreende isso.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Psicose

Fernando Zocca
Quando cheguei a minha casa naquele dia, estava realmente cansado. Não tinha sido nada fácil lá na empresa. Mas tirei o paletó jogando-o no sofá. Desapertei a gravata. Escutei um ruído que vinha do meu quarto. Fazia nove meses que havia me separado e não poderia ser minha mulher que estivesse ali. Tenso caminhei pé ante pé até a porta que ficou entreaberta. Não acreditei no que vi. Ela estava deitada de calcinha, na minha cama. Massageava a púbis e com as pernas fechadas fazia movimentos de quem tinha orgasmos.
Não provoquei nenhum barulho. Esperei com o coração aos pulos que ela terminasse. Ela logo depois virou-se para o seu lado direito e pareceu dormir, ajeitando os cabelos.

Mas quem seria? Estava ficando louco? Estaria eu na minha casa? Busquei reconhecer os objetos a mim familiares. Sim, ali era tudo meu conhecido. Mas quem era aquela mulher seminua na minha cama?

Completamente aturdido pensei em algo para fazer. Ficaria bem quieto e a observaria sem que me notasse. Os minutos passavam agoniadamente. Sentia certa atração por ela, mas o medo também estava presente. Depois que ela acordou levantou-se e vestiu sua minissaia. Penteou os cabelos calçou os sapatinhos delicados. Ajeitou novamente os cabelos e saiu do quarto. Tomou uma chave que tinha em sua bolsa e abrindo a porta da rua com naturalidade, caminhou como se tivesse saindo de sua própria casa.

Meu queixo caído e meus olhos vidrados não se moviam. Babei. Minha respiração ofegante foi se acalmando. Meus batimentos cardíacos voltaram ao normal.

Entrei no quarto e pude sentir o cheiro do seu perfume. Havia um aroma gostoso de xampu caro. Não conseguia ordenar os pensamentos. Fui até a cozinha e tomei um copo d'água gelado. Peguei o telefone e disquei o primeiro número que me apareceu na memória. Era de Suzana, minha gerente geral. Ela não demonstrou surpresa. Perguntou se eu havia bebido. Pediu para que eu descansasse mais. Disse para que não me preocupasse muito com as contas a pagar. Desliguei embasbacado.

Tomei um banho rápido. Quando saía o telefone tocou. Uma voz sensual de mulher sussurrava palavras que me produziram um arrepio na espinha. Perguntei quem era. Não me respondeu. Eu ficava aterrorizado a cada momento. Abri a porta do quintal e lá no fundo minha cachorra jazia morta. Seus dentes estavam expostos na boca entreaberta. Uma descarga motora me arrebatou.
Caí desfalecido. Quando acordei a enfermeira me olhava sorridente. Disse que tivera uma síncope nervosa. Perguntei por minha cachorrinha e ela me acalmou dizendo que estava tudo bem. Falei-lhe do que havia ocorrido e ela disse que estava estressado. Que tudo não passava de ilusão. Seria alucinação provocada pela tensão nervosa dos momentos difíceis nos negócios.

Eu me consolei. Estava sozinho no quarto. Quando olhei para a porta, ela a bonitona da minha cama lançou-me um sorriso ajeitando os cabelos. Deu-me adeusinho e virou-se caminhando com aquela minissaia reveladora.

Chamei a enfermeira. Gritei desesperado. Estava enlouquecendo? A moça surgiu afoita. Quando me viu assim agoniado buscou logo ali na enfermaria uma injeção que me aplicou no braço. Naquele momento um pensamento estranho me passou pela cabeça: gostaria que colocassem o meu nome num prédio de entidade pública enquanto ainda vivesse. Era uma loucura. Mas eu estava mesmo louco.

Meu problema era compreender o que estava se passando. Teria tudo isso a ver com o pessoal da caixa d'água?

Estariam tais fatos relacionados com A Seita Maligna do Dr. Val?

Quem é que sabe? Disfarcei então toda aquela minha ignorância e procurei mostrar-me como que se nada de anormal estivesse acontecendo. Como poderia classificar aquele surto psicótico? Qual seria sua etiologia? Teria algum nexo causal com Gertrudes ou com sua magia negra? Eu comecei a crer que não teria tantas respostas assim. Não naquele dia e enquanto o relógio não deixasse de indicar 16h19min, o momento fatídico em que aquela mulher pedante e de canelinha fina, com seu carrão potente, trafegando pela contramão, se esborrachou toda na Rodovia do Açúcar defronte um caminhão de areia.

Nos escombros o pessoal do resgate encontrou o velocímetro que congelado no momento do impacto indicava: 174 km por hora.

Fatal.


Vende-se o apartamento 93 do 9º andar no Edifício Araguaia. Contém sala em L, três quartos (uma suíte), quarto para empregada, lavanderia ampla e cozinha. Tratar pelo fone 19 3371 5937.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Corinthians e Náutico jogam hoje pelo brasileirão



Vende-se um apartamento no Edifício Araguaia. (foto da fachada) Contém sala em L, três quartos (uma suíte), quarto para empregada, lavanderia ampla e cozinha. Tratar pelo fone 19 3371 5937.






Corinthians e Náutico jogam hoje no Estádio dos Aflitos, em Recife, às 21h50min. mais uma partida pelo Campeonato Brasileiro. O timão está sem vencer há três jogos e o dono da casa não consegue emplacar nada há 13.

Nem mesmo a vitória contra o time paulista tiraria o Náutico da zona de rebaixamento, mas pelo menos lhe daria mais esperança de chegar bem, ao final do campeonato, que tem ainda três rodadas pela frente.

A novidade apresentada pelo alvinegro é a estreia do volante Edu contratado do Valencia no princípio de julho, que reforçará o ataque do time. Atualmente o timão é perseguido de perto pelo São Paulo, Grêmio, Vitória, Flamengo e Avaí. Segundo os analistas esportivos, uma vitória do Corinthians o colocaria em posição de disputa pelo título.

Jucilei, Elias e o estreante Edu, atuarão no meio campo-corintiano. Dentinho, o famoso camisa 31 do alvinegro jogará ao lado de Jorge Henrique e Souza.

Carlinhos Bala, que cumpriu a suspensão na rodada anterior, é a opção do técnico Geninho para a ofensiva do Náutico. Além desse goleador, o Timbu também contará com Gilmar que é o vice-artilheiro do campeonato.

Os desfalques do Corinthians são Ronaldo, que se restabelece de uma fratura na mão e também de uma lipoaspiração, Morais, fora por um problema no joelho direito, Jean, suspenso pelo STJD, e Henrique, que se recupera de uma inflamação na conjuntiva.



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segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Big dorme até babar



O amigo da boca preta ai do lado parece não se importar muito com a ração que comerá assim que acordar. É que seus donos têm uma reserva que lhe garante o sustento por um bom tempo.

Além da água fresca, sombra e papinha à vontade, o folgado pode contar com banhos quentes regulares e vermífugos ministrados por Gustavo que se incumbe, de vez em quando, de permitir-lhe passeios na rua. Se bobear o camarada dorminhoco aceita até suco de caju.

Vende-se: Apartamento 93 no Edifício Araguaia. Possui três quartos (uma suíte), sala em L, quarto de empregada, lavanderia e ampla cozinha.
Fone: 19 3371 5937.

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domingo, 2 de agosto de 2009

Um crime que o Brasil não esquece



Passamos por tempos tensos, bastantes difíceis mesmo. Creio que isso não tenha sido novidade também para as pessoas das outras eras, de outras épocas e lugares. Porém tanto nos dias atuais, como nos dias passados, existem e existiram diversas formas de aliviar-se das angústias.

Alguns preferem os bares, onde na companhia dos amigos livram-se das “neuras” e maus humores. Outros preferem passar horas divagando sobre tolices sem a preocupação com o futuro ou atividade responsável.

Muitos se utilizam das drogas, para em bacanais, descontarem e abusarem das crianças indefesas, mas que podem suportar a agressividade louca dos insanos impunes.

Por falar em violência contra crianças indefesas veio-me à memória um caso muito conhecido no Brasil, ocorrido em Vitória, no Espírito Santo em meados da década de 70.

Trata-se do crime contra Araceli Cabrera Crespo, de 8 anos, que desapareceu numa sexta-feira, 18 de maio de 1973, quando regressava do Colégio São Pedro, para a sua residência, em Vitória.
Ela trajava vestido azul com blusa de manga, tendo as iniciais SP grafadas em vermelho. Seu pai, o eletricista Gabriel Sanches Crespo, pensando tratar-se de seqüestro, distribuiu várias fotografias da filha aos jornais, contando o caso.

No dia 24 de maio o corpo de Araceli, nu e desfigurado com ácido, foi encontrado, por um menino que empinava pipa, em um terreno baldio, junto ao Hospital Infantil de Vitória.

Segundo os jornais da época os suspeitos do crime eram Paulo Helai e Dante de Brito Michelini, jovens membros da alta sociedade capixaba, conhecidos por promoverem festas nos seus apartamentos e na Praia do Canto, num local conhecido como Jardim dos Anjos, onde violentavam as meninas.

Paulo e Dantinho lideravam um grupo de viciados que costumava percorrer os colégios da cidade em busca de novas vítimas.

Depois que o sargento José Homero Dias, quando estava prestes a esclarecer tudo, foi morto com tiros nas costas, o caso ficou por algum tempo esquecido. Mas Clério Falcão, na época vereador que se elegera com a promessa de levar o caso Araceli até o fim, conseguiu a instalação de uma CPI na Assembléia Capixaba.

A comissão concluiu ter havido omissão da polícia local, interessada em manter distantes, das suas investigações, os reais assassinos que eram figuras de prestígio. O crime repercutiu em todo Brasil, exigindo a apuração e a punição dos culpados.

Ao contrário do que se esperava, a família da menina silenciou diante do crime. A mãe de Araceli, a boliviana Lola Cabrera Sanches, viciada em cocaína, foi acusada de fornecer drogas para pessoas influentes da região, inclusive para os próprios assassinos.

A amante de Paulo Helal, Marisley Fernandes Muniz declarou em Juízo que Araceli foi dopada com doses de LSD e violentada em seguida, tendo o perito carioca Carlos Eboli constatado que a causa da morte foi a intoxicação exógena por barbitúricos, seguida de asfixia mecânica por compressão. O cadáver da menina apresentava deformidades no rosto causadas pelo ácido, tinha os bicos dos seios e partes da vagina arrancados por mordidas.

Apesar da cobertura da mídia e do empenho de alguns jornalistas, o caso ficou impune. Araceli só foi sepultada três anos depois. Sua morte, ainda causa indignação e revolta. Por trás do assassinato de Araceli se esconde uma vasta rede de traficantes e consumidores de cocaína, que já agiam na rota Brasil - Bolívia desde 1968.

A mãe de Araceli, Lola participava do tráfico como transportadora da droga, e posteriormente como "contato" em Vitória, no Espírito Santo.

Sete anos depois do assassinato de Araceli, Paulo Constanteen Helal e Dante Brito Michelini foram condenados o primeiro a 18 e, o segundo a 5 anos de reclusão.
Entretanto os empresários recorreram e em 1991 foram considerados inocentes. Lola desapareceu de Vitória no princípio da década de oitenta.

O Dia Nacional Contra o Abuso e a Exploração Sexual Infanto-juvenil foi criado em 18 de maio de 1998 para manter viva a memória nacional, reafirmando a responsabilidade da sociedade em garantir os direitos de todas as crianças brasileiras. O lema do movimento é “Esquecer é permitir. Lembrar é combater”.


Vende-se um apartamento no 9º andar do edifício Araguaia, situado à Rua Regente Feijó 774.

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sábado, 1 de agosto de 2009

Piracicaba completa 242 anos



Hoje é primeiro de agosto e Piracicaba comemora seus 242 anos. Realmente segundo consta nos alfarrábios o explorador português Antônio Correia Barbosa, em 1767 chegou por estas paradas e, no lado direito do rio, iniciou um descanso que teria gerado a povoação.

O objetivo do senhor Antônio C. Barbosa, ao sair de São Paulo, navegando – na verdade descendo, deixando-se levar pelas correntes - do rio Tietê, era chegar à foz desse afluente, hoje conhecido como rio Piracicaba.

Bom, depois de recuperadas as energias, restauradas as forças, Antônio C. Barbosa e seus liderados prosseguiram a subida do rio Piracicaba, chegando então à sua nascente que fica no município de Americana.

No local de repouso, utilizado pela expedição de Antônio, formou-se um lugarejo onde se agregaram, aos nativos, alguns homens brancos e também negros. Ao relatar às autoridades portuguesas sobre a formação desse núcleo povoador, existente na margem direita do rio, os exploradores receberam a ordem de mudá-la para a margem esquerda.

O motivador dessa troca teria sido a crença de que as construções deveriam receber os primeiros raios solares ao alvorecer antes de atingirem as águas.

Mas a localização geográfica do local escolhido por Antônio C. Barbosa é a seguinte: 22° 43’ 30” S 47° 38’ 56” copiou? A cidade fica a 547 metros acima do nível do mar e sua área é de 1.369.511 km2, segundo informações da Wikipédia.

O atual prefeito da cidade é o senhor Barjas Negri (PSDB). Um presídio para seiscentos presos é um dos projetos que destacam o seu governo.




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quinta-feira, 23 de julho de 2009

A Fita Métrica

Van Grogue, naquela manhã de quinta-feira, sob a marquise do Banco da Colônia, na praça central de Tupinambicas das Linhas, chegou arfante. Trazia um cigarro, semi-consumido, entre o indicador e o médio da mão direita. Seus olhos arregalados procuravam um lugar vazio num dos três bancos ocupados pela galera folgada.

O pessoal, que matraqueava despreocupado, assustou quando Grogue chegou. O silêncio pairante, no local, eliciou a expressão emitida por Van, que mandou assim, na bucha, numa chuva de perdigotos:

- Vocês estão pensando que arma de destruição de massa, é um gordinho comedor de pizzas?

Em qualquer outra localidade do terceiro mundo, aquilo poderia ser interpretado como ato hostil de alguém maltratando um grupo inofensivo e brincalhão. Mas estávamos em Tupinambicas das Linhas, um trecho do universo conhecido por concentrar a maior quantidade de pirados jamais vista, durante toda a história da humanidade, sobre a face da terra. Por isso, e também por ser a figura conhecida, ninguém deu muita bola.

Mas Van Grogue era daqueles que confundia nas novelas a personagem com o ator. Misturava também, o infeliz, na literatura, as estações pensando sempre que os escritores escreviam sobre ele nos jornais ou falavam mal da sua terra, nos programas radiofônicos. Ora, os menos burros sabiam que aquilo era manifestação duma das facetas da paranóia. Mas os espertos e safados, procuravam botar lenha na fogueira, quando o provocavam, dizendo que esse ou aquele fulano falou ou escreveu algo sobre ele de forma disfarçada.

Um dos presentes, notando o rosto afogueado do Grogue, perguntou-lhe:

- Tá nervoso Van? Vai pescar!

Van Grogue jogou a bituca para trás, sobre o ombro direito, não se importando, se poderia atingir alguém ou não, e então respondeu:

- Só se for pescar bosta! Esse riacho tá tão poluído que dá até vergonha, só de falar.
Alguém, lá na ponta direita da turma, lançou outro assunto na roda:

- Tupinambicas das Linhas cresceu demais! Acho que a cidade já tem uns três mil habitantes! Está insuportável agüentar esse movimento!

- Realmente! É muito esquisita essa terra. Vocês não souberam que a professora da escolinha, foi pega fazendo bobagem com um moleque de 12 anos? Minha nossa! Deu o maior sururu!
Chuma, que estava de orelha em pé, arrematou:

- A tarada é casada com o Banja. Ocês não se lembram dele? Foi ele quem trouxe um museu de cera, montado num ônibus enorme, e exposto aqui na praça, já faz algum tempo. Então... Havia até uma figura de toureiro. O volume da calça dele dava a idéia de que tinha um documento forçudo. Essa tal de professora quis ver e, pensando que estava sozinha, no ambiente, abaixou a calça do boneco. Ela queria, porque queria, ver o tal do pipi de cera. Rapaz! Deu um cu-de-boi dos infernos. Se o Banja a deixar, pode até haver casamento entre ela o moleque.

Clique Douglas, que se mantinha alheio à prosa, resolveu dar seu palpite:

- Tudo degenerado! Isso é uma vergonha pra nação brasileira! Essa mulher, com 45 anos... mas será o impossível?"

Nesse momento, todos falavam ao mesmo tempo, quando uma magricela, baixinha, parecida com uma lagartixa doida, passou pelo grupo. As canelas finas denotavam que o design fora projetado pra locomoção sentada, na poltrona dos automóveis.

A encardida bateu a cinza do cigarro, na direção ao aglomerado, num gesto de desprezo, como se dissesse: “Bando de carniça! Gente ruim! Pancadas!"

Nesse momento um carro forte, trazendo a bufunfa abastecedora dos cofres do banco, estacionou perto da turma. O motorista não desligou o motor. A fumaça produzida irritou a galera, que se afastando, criticava, malhando o péssimo sistema econômico nacional.



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