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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O Balanço das Ondas

Esteve tudo muito bom, a alegria pairou no ar, o som romântico estava ótimo, mas durante a noite, quando imperava o silêncio e o vento trazia os odores do mar, eu senti que algo a mais poderia ser acrescentado.

Não me preocupei com o efeito da bebida, pois não havia ingerido tanto. Notei que os sapatos novos deram um aspecto bem diferente à silhueta dos pés e que agora, ali na cama, descalça, o conforto se impunha de forma completa.

O coração batia forte e ritmado. Não seriam algumas lembranças tristes que dominariam o restante da madrugada.

Notei que passou ao largo, e bem rápida, a frota das emoções negativas, que teimava com aqueles assédios maldosos e frustrados.

Voos livres rasantes de pessimismo, incompreensão e má vontade, foram percebidos a princípio, mas logo se diluíram sob o clarão do céu noturno.

Ao fundo, o ruído das máquinas impunha lampejos dos grandes bondes, que faziam trepidar o chão, no entorno dos trilhos, por onde passavam.

Faltou algo, não sei bem o que era. Talvez fossem melhores contatos, afagos, palavras simples de admiração, respeito ou louvação.

Ou seria o recrudescimento do atual, porém imperceptível balanço das ondas?

Vi a nau se aproximar de forma lenta, mas segura, do porto. O celular transmitia a certeza de que tudo estava bem, com o futuro que nos aguardava.

Foi ótimo o passeio. Gostei.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Os Bailes de Carnaval

Jorge sentia-se estranho naquela cidade. Ele viera para uma festa de aniversário da prima Helen que o recebera muito bem na manhã do dia anterior.

O rapaz caminhava só pela calçada ruminando os bons momentos da festa que tivera muita gente, flash e animação.

Ele não dormira bem à noite por causa do excesso de bebida, mas, mesmo assim ao acordar, naquela manhã de terça-feira, resolveu andar pelo calçadão da orla. O sol aquecia bastante, despontado no céu límpido.

- Por que a Helen não fez a festa no final de semana? – perguntava Jorge num solilóquio discreto, enquanto observava, através das lentes dos seus óculos de sol, algumas pessoas que se divertiam nas ondas verdes.

O turista andava distraído e surpreendeu-se quando alguém ao se aproximar por trás disse:

- Ei Jorge, já cedo assim acordado? Não passou bem durante a madrugada? – Era o empresário Cristiano que também participara das comemorações do décimo nono aniversário da Helen. Ele vinha no mesmo sentido caminhando mais rápido.

- Ah, oi, como vai? – respondeu Jorge ao voltar-se – Eu bebi muito. A ressaca é enorme. Não passei bem o resto da noite, mas logo melhoro – concluiu.

- Achei esquisito a Helen desperdiçar o sábado e o domingo pra fazer a festa. Ela escolheu justamente a noite de segunda-feira. Não é estranho? – indagou Cristiano ajustando a velocidade dos seus passos a dos de Jorge.

- É, gente rica tem suas manias - explicou o turista. – E depois, levantando a pala do boné vermelho: - Mas como tem gente bonita nesta praia hein? Veja como as mulheres caminham harmoniosamente. Parece que desfilam naquelas passarelas.

- Sim, tem muita gente sarada e bela por aqui – resumiu Cristiano percebendo o suor que lhe empapava a camiseta - Vamos caminhar mais rápido?

Os dois homens seguiram céleres pelo calçadão quando avistaram um gorducho que, de short amarelo, camiseta preta, boné verde e chinelos brancos, arrastava uma mala preta enorme ao atravessar a avenida em direção à praia.

- Veja só aquela figura! – assustou-se Cristiano chamando a atenção do companheiro – não é o Leonel?

- Não conheço nenhum Leonel – respondeu Jorge desviando-se de um esqueitista, que saíra sem querer, da ciclovia.

- Você não imagina o que esse cara aprontou num baile de carnaval no ano passado. Meu amigo, que vergonha! Que vexame – enfatizou Cristiano.

- Nossa! Foi tão grave assim? – quis saber o amigo.

- O sujeito chegou cedo ao salão, bebeu todas e mais algumas, depois no meio daquele povo todo, começou a passar a mão na busanfa da mulherada.

- E ai? Deram-lhe um cacete? – indagou Jorge.

- Botaram o cara pra fora do baile. Ficou deitado na calçada de tão bêbado que estava. Mas pode uma coisa dessas?

- Pô, mano, que papelão! – concordou o turista.

- E, olha, não foi aquela a primeira e a única vez, não. Houve outra, no mesmo esquema. No baile dos periquitos, ele mandou ver a mão boba nas coxas do mulherio. Parece que o sujeito não pode beber.

- O pessoal instiga e ele entra de gaiato. Na verdade é um panaca, um palhaço – arriscou Jorge com a sua análise.

O calor aumentava por volta das onze horas. Eles haviam chegado defronte ao prédio da Helen.

- Quando você volta pra casa? – indagou Cristiano.

- Talvez amanhã à noite – respondeu Jorge num tom de despedida.

- Tem ainda muitas compras pra fazer? – brincou Cristiano afastando-se.

- É, meu amigo, a vida tem dessas dificuldades também – concluiu Jorge com ironia, entrando no edifício.

02/02/11

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sexta-feira, 21 de maio de 2010

Os passeios de Stela

Stela tem algo de rodriguiano que a identificaria com aquela personagem buscadora do equilíbrio nas aventuras extraconjugais.

Apesar do fausto material que a cerca, ela não obteria o bem estar se não se dispusesse a dar seus “pulinhos”, não nos ônibus, ou lugares ermos, mas nos hotéis de luxo.

Esse comportamento de Stela tem muito de vingativo, de punidor. Ao invés de digamos, “discutir a relação” com o marido, terminando de vez o relacionamento conflituoso, ela se compensaria nas incursões amorosas.

O desejo de manter a família unida a impediria de separar-se. Para ela a coesão familiar, mesmo que não satisfatória, teria mais importância.

Se impedida ao acesso dessa válvula de escape o que lhe restaria? Uma neurose, agressividade, hostilização, terapias, divórcio?

O adultério serviria para aquietar momentaneamente a exaltação dos ânimos. Porém com o passar do tempo as consequências se apresentariam de forma talvez até que mais trágicas.

Nas aventuras em que se envolve ela não se compromete: não diz seu nome e nem quer saber o dos parceiros casuais. Stela vive a vida.



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sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Aqui em baixo as leis são diferentes?

Tudo bem, você está numa praia, sente o vento na pele, o sol a lhe aquecer, a maciez da areia, o bate papo com os amigos, o prazer da saciedade que lhe dá a água de coco. Mas e se de repente não podemos voltar para casa?

Você percebe que o sol se põe, os pernilongos cercam-no zumbizando no seu ouvido, a temperatura começa a baixar e nada. Nada de paredes para desviar o vento, nada de banho com aqueles xampus cheirosos, sabonetes reidratantes, e a fome, muita fome. Sim porque ali não há o conforto de um fogão onde se possa fazer um Miojo confortador ou um café da hora.

Tudo bem, pode-se até comer alguns peixes, que ao darem bobeira na sua frente, sirvam para lhe aplacar o desprazer da escassez de alimentos. Mas será que o escovar os dentes ali naquela água, que não vem da torneira, tem o mesmo efeito, faz a mesma sensação?

Tudo é muito estranho, muito esquisito. Bom, mas você percebe que está cansado, tem sono, e sua cama não se encontra presente. Que dureza! E tem mais: antes de deitar sempre é bom faze xixi, higienizar-se de alguma forma. Mas onde está o “trono”, aquele papel esperto, o bidê purificador?

Sem esses apetrechos o homem volta a um estágio da civilização conhecido como idade da pedra, ou pra não exagerar muito, para um tempo em que ele dependia mais da força física do que da astúcia ou inteligência.

A sobrevivência própria, e da espécie humana, numa situação bastante adversa, hostil mesmo, foi possível graças a capacidade para diluir tudo o que impedia o curso normal da vida. Então, contornando o que causava desconforto, e aprendendo a controlar o prazeroso, viu-se o ser humano nesse atual estágio de desenvolvimento tecnológico.

Naquele tempo, quando as pessoas habitavam as praias a produção dos utensílios era manufaturada, isto é, feita por artesãos que se especializavam. Então havia quem fizesse panelas, armas, urnas mortuárias, canoas, ocas e demais objetos para uso próprio, pessoal, ou para familiares.

Neste século XXI chegamos a evolução tal que até mesmo um simples canudinho com o qual se sorve a água de coco redentora, tem um processo especial de produção industrial. Tudo é feito pela indústria, em grande escala, para milhões de pessoas.

É mas a fila anda, ou tudo passa, ou ainda tudo se move. Em outros termos dizem que até mesmo essa era da indústria, da produção industrial, está passando. Gasta-se menos horas hoje no trabalho que mantém o sustento, do que naquele tempo em que não havia nem mesmo um radiozinho a pilhas ou televisor.

As condições de higiene e alimentação, naquela época dos nossos antepassados, não proporcionavam a manutenção da saúde da alma e corpórea que se pode obter hoje. Por conseqüência a longevidade aumentou.

Se naquelas condições precárias das praias desertas havia a incidência de muitas doenças hoje estão todas elas, praticamente debeladas. Então se vive muito mais e melhor.

O existir em coletividade implica reconhecer as diferenças entre os que estão “lá em cima” e os que estão “aqui em baixo”. Numa sociedade ideal, mais justa, mais igualitária, não haveria espaço para a afirmação de que “aqui em baixo as leis são diferentes”.

Numa sociedade honesta, sem trambiques, todos seriam iguais perante a Constituição. E o direito ao trabalho, reservado a alguns privilegiados, seria estendido a todos os demais cidadãos desse pais.




Fernando Zocca.
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